Estante da Sala

Cleópatra (Cleopatra/ 1963)

Assistido em 12/04/2013

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Estava esperando uma noite com bastante paciência e nada para fazer para encarar 3:45h de duração do filme. Isso mesmo: três horas e quarenta e cinco minutos! Pois bem. A única coisa que eu sabia a respeito dele é que, devido aos atrasos e custos de produção, é um dos mais caros da história. Na época custou mais de 40 milhões de dólares, o que, com a correção da inflação, daria hoje mais de 300 milhões de dólares. As listas divergem nos valores e conversões, mas isso garante a ele espaço quase certo entre os dez filmes mais caros, sendo eventualmente citado como o mais caro. Houve inclusive troca de diretores ao longo da produção. Primeiro foi Darryl F. Zanuck, seguido por Rouben Mamoulian, até o definitivo Joseph L. Makievicks

Logo ao começar a história vemos um panorama de Alexandria, composto por cenários grandiosos e uma bela pintura matte, unidos. Júlio César chega a cidade, cheio de si, para resolver um problema político: Ptolomeu, irmão de Cleópatra e ela deveriam dividir o trono, mas um acusa o outro de traição. Essa parte da história é fictícia e eles jamais dividiram a coroa. Ptolomeu é retratado como sendo infantil e influenciável, principalmente pela figura do seu camareiro. Cleópatra (Elizabeth Taylor) está escondida, temendo ser assassinada e chega até César (Rex Harrison) enrolada em um tapete. As escolhas de figurino para a personagem são interessantes e questionáveis: ela nunca se rende totalmente ao uso de túnicas mais fluidas e soltas, quase sempre aderindo a algum tipo de corpete ou estruturação interna, dentro dos ditames da moda, resquício da década de 50. (Os penteados também, principalmente na segunda metade, dizem mais repeito à época da filmagem do que ao período retratado). A química entre ambos os personagens é muito boa e convincente, ao contrário do que acontece entre ela e Marco Antônio (Richard Burton), posteriormente. (O que não deixa de ser interessante, pois Elizabeth Taylor e Richard Burton começaram a ter um caso justamente durante as gravações, o que culminou em se casarem duas vezes).

A primeira metade do filme é muito boa e nem percebi o tempo passar. Na segunda metade as coisas ficam truncadas, os fatos acontecem sem introdução ou explicação e o ritmo piora consideravelmente. Li que o diretor pretendia ter lançado dois filmes: Cleópatra: Julio Cesar e Cleópatra: Marco Antônio, cada um com 3h de duração. Desistiu para cortar custos. Isso deve ter prejudicado muito a narrativa.

Eu pretendia fazer um post sobre o figurino do filme, mas acabei desistindo. Só para Cleópatra são mais de 60 trajes completos. É uma sucessão sem fim de peças lindamente elaboradas. Aproveitarei esse espaço apenas para pontuar a mudança no estilo de suas roupas, indicando a passagem de tempo. Elas possuem, inicialmente  decotes profundos que vão diminuindo ao longo da película. Quando Cleópatra se despede de César no dia em que ele será morto no senado, ela estão com um vestido de mangas longas, fechado até o pescoço e com uma espécie de véu, numa imagem quase de santidade. O roxo é pontuado ao longo da história, divido entre ela e César, em momentos de demonstração de poder.

Tudo na produção impressiona: a quantidade de figurantes nas cenas de rua, as batalhas navais, com navios reais (dizia-se na época que por causa desse filme o estúdio, se fosse um país, teria a terceira maior frota de navios do mundo), a quantidade de figurinos elaborados, as coreografias das apresentações, os cenários construídos, a grandiosidade de certas cenas. A cena que retrata a chegada da rainha em Roma é no mínimo memorável. Pensar que nessa época tudo que aparecia em cena precisava ser produzido de alguma forma é assustador. Mal dá pra imaginar a quantidade de gente envolvida na produção. Elizabeth Taylor está lindíssima, Rex Harrison está convincente e Roddy Macdowell, que interpreta Otaviano, rouba a cena. Mas em geral o elenco não é muito carismático. A narrativa fica arrastada, grande parte dos personagens não aparecem por tempo suficiente para que possamos nos conectar a eles. No final das contas é interessante ver o filme por tudo que aparece na tela, menos a história em si.

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