Estante da Sala

A Chegada (Arrival, 2016)

Diversas vezes o cinema de ficção científica explorou as possibilidades trazidas pelo encontro entre nós, humanos, e formas de vida extraterrestres. O medo de que com sua tecnologia superior (afinal conseguem atravessar galáxias) possam nos dominar é uma constante. Por isso é comum que sejam retratadas como uma metáfora para o invasor estrangeiro e para o horror de modos de vida que não compartilhamos em nossas comunidades, como uma forma de alteridade radical.  Embora também não seja exatamente única, em A Chegada, o diretor Denis Villeneuve parte da perspectiva oposta: e se o nosso problema é interno, marcado pela nossa incapacidade de

Star Trek: Sem Fronteiras (Star Trek Beyond, 2016)

“Damn it, Jim, I’m a doctor, not a…” Em pleno clima de comemorações pelos cinquenta anos da série original, mais um filme da série Star Trek chega aos cinemas, trazendo às telonas os velhos personagens conhecidos do público. Essa nova geração (ops) conta com Star Trek, um reboot de 2009, e Além da Escuridão: Star Trek, uma sequência de 2013, ambas dirigidas por J. J. Abrams. A direção dessa terceiro capítulo fica por conta de Justin Lin, conhecido por dirigir filmes franquia Velozes e Furiosos. E se no trailer havia a sombra do que parecia ser uma ação genérica, o resultado final é bastante agradável. De fato, dentro os recentes, esse é

X-Men: Apocalipse (X-Men: Apocalypse, 2016)

Em meio a uma enxurrada de filmes de heróis que chegam aos cinemas todo verão americano, os da franquia X-Men costumam se destacar por trazerem ao gênero subtextos que o tornam mais interessante. Com tramas que remetem à luta pelos direitos civis, temos papéis que não são necessariamente de heróis e vilões, mas sim de pessoas com abordagens diferentes para um mesmo problema: a discriminação contra os mutantes. Dessa forma, Xavier (James McAvoy) seria o representante da vertente pacifista por vias legais e Magneto (Michael Fassbender) da luta armada, e Mística (Jennifer Lawrence) divide-se entre as duas possibilidades e o afeto que

Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros (Jurassic World, 2015)

https://www.youtube.com/watch?v=LfYS9bNs0Eg Em 1993 uma geração de crianças foi marcada pelo clássico absoluto Parque dos Dinossauros, dirigido por Steven Spielberg, adaptado do ótimo livro homônimo de Michael Crichton. Após isso, vieram duas sequências que não fizeram jus ao original e o descanso para a franquia. Agora, passados alguns anos, o universo dos dinos está de volta em Jurassic World, dirigido por Colin Trevorrow. A trama começa com um menino, Gray (Ty Simpkins) e seu irmão adolescente, Zach (Nick Robinson) se despedindo dos pais para passar alguns dias no parque temático, onde sua tia Claire (Bryce Dallas Howard) trabalha. O parque está em funcionamento há duas

Os Primeiros Longas de von Trier

Dando continuidade à análise da filmografia do diretor Lars von Trier, do qual já escrevi sobre os primeiros curtas de sua carreira, chego agora aos primeiros longas que produziu. Pode-se dizer que Befrielsesbilleder (1982) é uma obra de transição e por isso também foi citado no texto anterior. Encaixa-se na proposta de seus curtas, mas já se relaciona estética e tematicamente com os filmes seguintes. Pode-se dizer que o começo de sua filmografia será marcada pelo monocromatismo, já aqui presente. O filme é dividido em três fases: vermelho, amarelo e verde. A história, sobre a Europa na II Guerra Mundial, indica o tema

Melhores Filmes de 2014

Essa lista deu trabalho. Comecei com a ideia de mencionar 10 filmes, mas não consegui fechar neles. Ampliei para 15 e ainda senti culpa por alguns filmes terem ficado de fora. Foi, então, para 20, afinal, como escrevi na de melhores descobertas do ano, a lista é minha. Ainda fico em dúvida se os últimos listados são os melhores mesmo, já que posições ficaram mudando o tempo todo enquanto tentava elaborá-la. Outros filmes que gostei e alguns guilty pleasures ficaram de fora. Por esse motivo não estou colocando-os de forma ranqueada. Apesar disso considero as cinco primeiras colocações fixas; apenas as

Interestelar (Interstellar, 2014)

Interestelar, dirigido pelo queridinho do público Christopher Nolan, é um filme que se beneficia muito da sala de cinema. A experiência de assistir em uma boa sala torna a obra grandiosa, mas ao sair, há pouco conteúdo para sustentá-la na memória. Passada uma semana da data em que o vi, já tenho a clara percepção do quão pouco memorável ele é. Talvez seu maior problema foi ter pretendido, justamente, ser uma obra grandiosa. O drama de Cooper (Matthew McConaughey), ex-piloto da NASA que mora em um futuro desolado, onde a Terra precisa de fazendeiros e não engenheiros, mostra-se superficial. Ele abandona