Estante da Sala

[44ª Mostra de São Paulo] 17 Quadras

Esta crítica faz parte da cobertura da 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorre entre 22 de outubro e 4 de novembro em formato online. Dirigido por Davy Rothbart, com roteiro de Jennifer Tiexiera, 17 Quadras (17 Blocks, 2019) é um documentário que acompanha a vida de uma mesma família por vinte anos, começando em 1999 e fazendo uso de mais de mil horas de gravação. Os Sanford moram em Washington, nos Estados Unidos, a dezessete quadras de distância do Capitólio, ou seja, tão próximos dos espaços de poder, e ainda assim tão pouco acolhidos. Cheryl Sanford

[44ª Mostra de São Paulo] O Problema de Nascer

Esta crítica faz parte da cobertura da 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorre entre 22 de outubro e 4 de novembro em formato online. Elli (Lena Watson) é uma criança como outra qualquer, que anda pela floresta e sente o cheiro do mato e o chão molhado, no verão que começa. É também a responsável pela narração em off, que externa suas sensações. Ela pega um gafanhoto e o sente pular em sua mão e fugir. Está quente e ela e seu pai ficaram o dia todo fora de casa e a noite toda acordados e

[44ª Mostra de São Paulo] Cozinhar F*der Matar

Esta crítica faz parte da cobertura da 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorre entre 22 de outubro e 4 de novembro em formato online. O inusitado Cozinhar F*der Matar (Cook F**K Kill, 2019) começa com um coro de teatro grego composto apenas por mulheres, que conta, em uma espécie jogral, uma história sobre violência. Com isso o filme já escancara sua estrutura de tragédia (não sem uma dose de humor ácido), marcando a inevitabilidade da morte que recairá sobre o suposto herói. Com roteiro e direção de Mira Fornay, ele retrata o o motorista Jaroslav (Jaroslav

[44ª Mostra de São Paulo] Mães de Verdade

Esta crítica faz parte da cobertura da 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorre entre 22 de outubro e 4 de novembro em formato online. Depois dos irregulares Esplendor (Hikari, 2017) e Vision (2018), a premiada cineasta japonesa Naomi Kawase retoma um cinema tocante e poético com Mães de Verdade (Asa ga Kuru, 2020). O filme é baseado no romance de 2015 de Mizuki Tsujimura e a linguagem acessível, que já aparecia no doce Sabor da Vida (An, 2015), é utilizada em uma narrativa que reflete sobre a maternidade e suas muitas faces. Logo na sequência de

Meio Irmão: o cinema, a política e a poética

Essa crítica foi publicada originalmente no dia 11 de novembro de 2018 no Dossiê do Juri Abraccine da 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, do qual fiz parte. Entre cada sessão, os encontros fugazes acompanhados de breves palavras pesarosas que escapam pelos lábios. Na convergência de pessoas, olhares se cruzam e comentários misturam as obras vistas com os acontecimentos concomitantes. Entre o dia 18 e 31 de outubro ocorreu a 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. O senso de normalidade da cinefilia é quebrado pelo mundo que chama do lado de fora do cinema. O processo eleitoral

[43ª Mostra de São Paulo] Dois Papas (The Two Popes, 2019)

Esta crítica faz parte da cobertura da 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorre entre 17 e 30 de outubro na cidade. Extremamente divertido. Esse não é a descrição que esperaria utilizar para descrever um filme sobre duas figuras eclesiásticas, mas é um resumo perfeito para Dois Papas, escrito por Anthony McCarten e dirigido por Fernando Meirelles. O filme mostra as eleições do cardeal Ratzinger (Anthony Hopkins, com lentes de contato castanhas) e do cardeal Bergoglio (Jonathan Pryce), que assumiram os nomes de papa Bento XVI e Papa Francisco, respectivamente, no mais alto cargo da hierarquia da

[43ª Mostra de São Paulo] O Farol (The Lighthouse, 2019)

Esta crítica faz parte da cobertura da 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorre entre 17 e 30 de outubro na cidade. Depois do sucesso de A Bruxa, o cineasta Robert Egger retorna ao gênero terror com O Farol. Novamente um filme de época, dessa vez na virada do século XIX para o século XX, acompanhamos um faroleiro, Thomas Wake (Willem Dafoe) e seu novo assistente Ephraim Winslow (Robert Pattinson), que são deixados por um barco na ilha onde se localiza o farol em que trabalharão pelas próximas quatro semanas. Brutos no tratamento, logo se estabelece uma