Estante da Sala

Um Ano de “Vestindo o Filme”

Nem parece, mas passou-se um ano: no dia 8 de julho de 2013 o primeiro texto da coluna Vestindo o Filme foi ao ar no Cinema em Cena. Como muitos cinéfilos Brasil afora, fui leitora do site por anos e integrar a equipe foi uma coisa louca. Para comemorar essa data, resolvi escolher as dez postagens que mais gostei. Não são necessariamente as que mais tiveram compartilhamentos ou comentários. São aquelas cujo processo de escrita ou resultado final eu pessoalmente mais gostei. Embora seja sobre ele que eu escreva, raramente é o figurino como forma que me chama a atenção isoladamente. Geralmente o uso de cores, os simbolismos, a maneira como ele trabalha dentro do design de produção como um todo e mesmo elementos narrativos influenciam minha percepção, o que muitas vezes escapa para os textos. Os escolhidos não serão colocados em uma ordem de preferência e sim cronológica, porque não sou capaz de elencá-los dessa forma. Escolher dez já é difícil, porque elaborar essa coluna é sempre um processo divertido e subjetivo de análise e escrita. Vamos à lista:

O Grande Gatsby

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Esse texto carregou o peso de ter sido o primeiro e de ainda não ter uma certeza sobre a estrutura que eu iria adotar para escrever os textos. Apesar do nervosismo, gostei muito de tê-lo feito. O filme foi o queridinho das premiações de figurino e design de produção no ano passado. Aqui eu defini um estilo que venho adotando desde então: eu interpreto o que vejo, mas não me posiciono pessoalmente. Nesse caso, embora o figurino seja bastante bonito, em minha opinião não cumpre plenamente sua função. Mesmo assim limitei-me a relatar o que vi, deixando a aprovação ou não em aberto para os leitores.

A Princesinha

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Tenho um certo apego sentimental por esse filme. Sempre gostei de ver o uso de cores, mas acho que esse foi o primeiro que eu assisti e pensei conscientemente “os ambientes são todos verdes e isso é proposital”. Ao ver Grandes Esperanças, que é um filme ainda mais escancaradamente verde, tive a confirmação e por isso Alfonso Cuarón foi um dos primeiros diretores que eu gravei o nome com uma noção de autor. (Spielberg, onipresente nas infâncias de algumas gerações, não conta!). Em minha infância sempre tive preferência por filmes de fantasia e a atmosfera de A Princesinha era encantadora o suficiente para passar a sensação de um mundo mágico. O figurino de Judianna Makovsky é parte importante da composição desse conjunto. É um dos meus filmes preferidos da infância e foi um prazer revê-lo para fazer essa análise.

O Espião que Sabia Demais

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Figurinos femininos são sempre mais valorizados que figurinos masculinos, isso é um fato. Eu mesma, sempre tive fascinação por vestidos bonitos e desde criança adora filmes de época por causa dos trajes das mulheres. Este é um ótimo filme protagonizado apenas por homens de paletó. Por isso mesmo desafiei-me a revê-lo, em busca de uma sutileza que diferencia-se um personagem do outro. E o que encontrei maravilhou-me: a figurinista Jacqueline Durran (dos filmes de Joe Wright) imprimiu sutilmente diferentes características em cada um dos paletós dos homens retratados. É um trabalho impressionante e belíssimo.

The Rocky Horror Picture Show

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Não tive como não me divertir escrevendo sobre esse filme: com elementos de paródia e uma deliciosa reconstrução (e desconstrução) de relações de gênero e de sexualidade, não é à toa que tornou-se alvo de culto ao longo dos anos. Às vezes a surpresa de uma boa inspiração vêm dos lugares mais improváveis.

Cisne Negro

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Obsessão, preto, rosa e espelhos. Esse é um daqueles filmes que se alçam ao status de clássico quase imediatamente. Uma delícia de analisar e escrever a respeito

Jogos Vorazes: Em Chamas

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Costumo falar que quando se trata de Jogos Vorazes, volto a ter quinze anos. Gosto dos livros e dos filmes porque eles não subestimam seu público alvo, ao contrário de algumas outras franquias juvenis. Para esse texto, vi o filme duas vezes na estreia e foi realmente uma experiência rica, porque em um dia de semana de tarde, eu era a pessoa mais velha naquela sala. A plateia se comportou de maneira impressionante, apenas interagindo em momentos específicos, erguendo os braços ou assoviando. Ser expectadora de uma experiência maior para esse público foi muito interessante. E no filme, Trish Summerville deu continuidade ao trabalho de Judianna Makovsky, conseguindo criar um figurino bastante bonito para essa história em que a moda tem papel muito importante.

Os Sapatinhos Vermelhos

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Como apaixonada por cores, não posso não amar Technicolor e esse é um dos mais bonitos filmes feitos com esse processo. As cores não só são lindas, como ocupam papel central na narrativa, os figurinos são bonitos, o design de produção é incrível e, artisticamente, tudo é impecável. É simplesmente uma obra de arte de Os Arqueiros. Por isso sou apaixonada por ele e foi um prazer revê-lo para fazer esta análise.

Segredos de Sangue

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Corro o risco de tornar-me repetitiva, mas o uso de cores nesse filme é de tirar o fôlego. Pode-se dizer que o roteiro é problemático e o desenvolvimento dos personagens é estranho, mas visualmente é um trabalho incrível, tanto em termos de cenário quanto de figurino. O simbolismo das cores, bem como de elementos como cintos e sapatos, é algo delicioso. O figurino da dupla Kurt Swanson e Bart Mueller é de uma contenção belíssima. É uma obra imageticamente poderosa e inspiradora.

Barry Lyndon

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Cada cena é uma obra de arte, é como uma pintura em tela da época retratada. Kubrick nunca fez um filme tão bonito como este e é uma pena que seja tão subestimado. O figurino tem belíssimos trajes perfeitamente condizentes com o período. Assistir a esse filme é uma experiência sensorial indescritível.

Blade Runner, o Caçador de Androides

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Quando revi esse filme gostei muito mais do que quando havia visto pela primeira vez anos antes. O figurino de Michael Kaplan e de Charles Knode é muito bonito, com referências claras e bem exploradas. Aliado à fotografia, às pinturas matte e à trilha sonora, compõe um conjunto artisticamente primoroso. Usando esses elementos como base (e com a trilha sonora no fone de ouvido), escrever virou um prazeroso exercício de expressão quase que poética. É sempre bom quando uma obra desperta esse tipo de sentimento.

Bônus: Além da Escuridão: Star Trek

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Na verdade não escrevi sobre esse filme para o Cinema em Cena. O figurino de Michael Kaplan (que teve uma carreira frutífera após seu primeiro trabalho em Blade Runner) revisita aquele utilizado na série clássica de maneira efetiva. Como fã do material original, não posso deixar de ter uma reação positiva a sua visão. E foi uma versão resumida da minha postagem sobre ele em meu blog pessoal, enviada por e-mail como comentário sobre o podcast 90 do Cinema em Cena (Especial Star Trek), lido (aos 43:10 do áudio) na edição 91 2.0,  que levou à viabilização dessa coluna. Por esse motivo essa análise tem um papel especial para mim. Obrigada a todos que participaram desse ano, especialmente a equipe do Cinema em Cena por me permitir esse espaço e os leitores, sempre presentes.

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1 thought on “Um Ano de “Vestindo o Filme”

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