Assistido em: 30/06/2013
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Quando era criança, tinha uma grande queda por filmes de fantasia: gostava de acreditar que seus universos eram reais e viver as histórias intensamente. Meus preferidos da Sessão da Tarde eram História Sem Fim e A Lenda. A Princesinha é outro que sempre guardei na lembrança, embora já tenha assistido pela primeira vez na pré-adolescência. Na época havia muita discussão com meus amiguinhos sobre qual seria o melhor, A Princesinha ou O Jardim Secreto (ambos adaptados de livros da mesma autora, Frances Hodgson Burnett) e eu não tinha dúvidas: o primeiro era, por ser mais mágico e colorido.
As cores são justamente o ponto forte da história. Dirigido por Alfonso Cuarón e com fotografia belíssima, temos no início da história a menina Sara morando com o pai, um militar inglês, na Índia, mas uma Índia idílica e exótica, composta de cores quentes, lugares fantásticos e cheiro de especiarias. Ao começar a Primeira Guerra Mundial ele resolve levá-la a Nova York para estudar no internato em que a mãe dela havia estudado, administrado pela séria senhorita Minchin. Lá vemos a obsessão que Cuarón tinha na época pelo verde. A cor cobre a tela: dos tijolos da fachada da escola, às paredes internas, passando pelos cristais, louças, uniformes, vestidos das professoras e ternos do professor, tudo é retratado nessa cor. As cenas são compostas parasempre captá-la, mesmo que isso envolva closes em maçãs ou repolhos. (Cuarón continuaria com essa paleta de cores no seu filme posterior, Grandes Esperanças). Todo o design de produção é muito bonito. A trilha sonora também é inesquecivel e uso de cítaras dá um tom especial.
Ao chegar à escola, Sara logo percebe outra menina de sua idade, Becky, esfregando o chão do lugar. Becky é negra, pobre e proibida de falar com as alunas do colégio, mas Sara logo tenta estabelecer amizade. Além disso Lavinia, outra aluna, a trata com desprezo, temendo perder popularidade para ela. Sara desafia as regras do local e nunca deixa de querer contar suas fantásticas histórias aprendidas na Índia e de acreditar no que seu pai falou, de que todas as meninas, independente de sua situação, são princesas.No dia de seu aniversário vem a notícia: seu pai fora encontrado morto em campo de batalha e ela foi deixada sem nem um centavo. Todos seus bens são confiscados por srta. Minchin para cobrir suas despesas e ela passa a ser uma serviçal juntamente com Becky, morando no sotão com esta. Mas é observada sempre muito de perto por um bondoso homem indiano.
A história é, sim, extremamente açucarada. Meu cinismo atual pode me dizer que Sara era uma menina rica e mal acostumada e que mesmo empobrecida, nunca teria as mesmas dificuldades na vida que Becky, por exemplo. Mas é tão fácil gostar da personagem e, mais ainda, da fantasia, que não deixei essa visão tomar conta de mim. A forma como ela se apega à história de Príncipe Rama (e como o filme traça um paralelo com sua própria história) é muito bonita. Após mais de uma década sem assisti-lo, esse continua sendo um filme de encher os olhos e alegrar o coração.
Obs: Para ler minha análise sobre o figurino do filme, clique aqui.
4 thoughts on “A Princesinha (A Little Princess/ 1995)”