Assistido em 10/02/2014.
[youtube=https://www.youtube.com/watch?v=J24AlOYHpVU]
Eis um filme que poderia ter sido uma boa “sessão da tarde”, mas pecou no quesito direção. A adaptação do bestseller homônimo de Markus Zusak, traz Sophie Nélisse interpretando o papel principal, Liesel. A menina é adotada por um casal composto por um homem bonachão e desempregado, chamado Hans (Geoffrey Rush) e uma mulher atarefada e rabugenta, chamada Rosa (Emily Watson). Tudo se passa na Alemanha no período da 2ª Grande Guerra.
As decisões artísticas que envolvem a ambientação começam problemáticas aí: geralmente filmes são falados na língua do país que o produziu, independente do local retratado, como se houvesse um tipo de peixe-babel servindo aos personagens. No máximo há a utilização de inglês britânico em peças de determinados períodos. Aqui optou-se por colocar os atores utilizando um constrangedor sotaque que pretendia-se alemão, ao invés de inglês puro e simples. Seguem-se estereótipos: a mãe rigorosa, a professora com cara de má, os soldados todos absolutamente perversos e até mesmo um garoto chamado (pasme) Deutscher (Alemão, na tradução), que é uma pessoinha detestável. Discursos nazistas são proferidos em alemão, enquanto os demais diálogos são travados em inglês. Aparentemente este tipo de estereótipo nocivo, que já foi deixado de ser usado em quase todas as situações, ainda é amplamente aceito quando se trata de alemães e a sequência de personagens unidimensionais é bastante desconfortável de assistir.
A trilha sonora de John Williams é genérica e preguiçosa. Os cenários são bem feitos e fazem lembrar casas do período. Detalhes como os bordados em ponto cruz nos aventais, os potes de café com moedor e as roupas de cama feitas a mão, entre outros, acrescentam profundidade e familiaridade à representação. Já os figurinos são bastante questionáveis. Liesel, por exemplo, sempre utilizada casacos e tricôs vistosos, bem cortados e nada puídos, quando o que se esperava para uma criança em situação de miséria seriam casacos furados ou remendados, muito grandes (herdados de adultos) ou já pequenos demais, não acompanhando seu crescimento. De alguma forma a menina está sempre impecavelmente vestida.
Imagino que a narração em off, feita pela Dona Morte, venha do livro (que eu não li), mas se funcionou nele, o mesmo não pode-se dizer em se tratando da versão cinematográfica. Desconectada da narrativa principal, em muitas partes do filme, ela é mesmo esquecida e deixada de lado e como personagem, a Morte nada tem a acrescentar à trama. Aliás, talvez o final do filme tivesse funcionado melhor se ocorresse com Liesel ainda criança. O epílogo mostrando sua casa, seus feitos e fotos de sua vida em um futuro à frente, remeteu a Titanic e não convenceu.
As atuações do trio principal estão ótimas e ainda destacaria o pequeno Nico Liersch, que interpreta Rudy, amigo de Liesel.
Faltou ao filme uma mão mais firme para garantir profundidade à trama, que tornou-se mais uma daquelas rasas que abordam o período tentando arrancar lágrimas do expectador.
6 thoughts on “A Menina Que Roubava Livros ( The Book Thief/ 2013)”