Estante da Sala

Praça Paris (2017)

Publicado originalmente em 3 de novembro como parte da cobertura da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Dirigido por Lúcia Murat, Praça Paris tem como protagonista Glória (Grace Passô), que é ascensorista em uma universidade na cidade do Rio de Janeiro. Dos prédios de arquitetura marcante onde trabalha, é possível ver a favela onde reside: são duas cidades em uma só, dois territórios com leis diferentes e com diferentes perspectivas de trajetória para seus moradores. Glória convive com a violência, na forma do abuso sexual impingido pelo seu pai, desde muito cedo. Hoje visita sempre o irmão, Jonas (Alex Brasil), na

Construindo Pontes (2017)

Publicado originalmente em 3 de novembro como parte da cobertura da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Sem ler nada a respeito do filme, apenas confiando na direção de Heloisa Passos (fotógrafa do recente Mulher do Pai), após as primeiras cenas me peguei pensando que se tratava de um documentário sobre grandes obras de engenharia, especialmente hidrelétricas, e no impacto que elas acarretam, especialmente nos modos de vida tradicionais. Não poderia estar mais errada. Mas certa também. As pistas entendidas de maneira errada vieram de gravações caseiras com que a diretora foi presenteada que mostram a ação dos explosivos nas cachoeiras

Um Lugar Silencioso (A Quiet Place, 2018)

Em um futuro pós-apocalíptico, uma família sobrevive morando em uma antiga fazenda, vivendo em silêncio para não ser atacada por criaturas que agem motivadas pelo ruído. Não sabemos o que aconteceu: a única pista é que grande parte das demais pessoas já foram dizimadas. Com essa premissa começa Um Lugar Silencioso, dirigido por John Krasinski. Krasinski também interpreta o protagonista Lee, que é casado com Evelyn (vivida por Emily Blunt, sua esposa também fora das telas). Somam-se a eles os filhos Marcus (Noah Jupe) e Regan (Millicent Simmonds). A sobrevivência do quarteto funciona melhor que a dos demais, o que é demonstrado pelas

Filmes assistidos em março

Que mês foi esse, minha gente? Teve muita gravação de podcast, vídeo pra youtube (em breve deve ser divulgado), participei de debate no Rio de Janeiro sobre o cinema da Von Trotta e trabalhei muito com coisas do doutorado. Abril nem começou e já tem outros projetos nos planos. Infelizmente não rola descanso. Bem, seguem abaixo os filmes assistidos no mês com minha nota pessoal. 52 Films by Women Um Dia (One Day, 2011) ★★★ Versões de um Crime (The Whole Truth, 2016) ★★★   Agnès Varda para Feito por Elas As Duas Faces da Felicidade (Le Bonheur, 1965) ★★★★★ Os Catadores e

Jogador Nº 1 (Ready Player One 2018)

Na década de 1980 o sobrenome Spielberg era sinônimo de inventividade e qualidade. Filmes eram anunciados exaustivamente usando-o como selo de validação, mesmo quando sua função era a de produtor. Até as pessoas que mantinham um interesse apenas superficial por cinema eram atraídas por ele. Por isso parece óbvia a escolha de seu nome para dirigir Jogador Nº 1, filme adaptado do livro homônimo de Ernest Cline e que é largamente inspirado por elementos da década. É uma pena que o conteúdo não esteja à altura da expectativa criada. A história começa em 2045. Wade (Tye Sheridan) é um adolescente órfão que mora

Zama (2017)

Publicado originalmente em 1º de novembro como parte da cobertura da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Diego de Zama (Daniel Giménez Cacho) é um funcionário da coroa espanhola na Argentina, a quem foram prometidas riqueza e honrarias que jamais se concretizaram. Morando em um local ermo, tenta manter a aparência europeia com uma peruca desgrenhada, utilizada apenas quando necessária, e uma casaca mal cortada. A solidão e o ridículo são suas companheiras, enquanto constantemente solicita poder voltar para casa. Os planos de Lucrecia Martel são trabalhados com academicismo e o desenrolar da história é lento. O personagem-título é

A Livraria (The Bookshop, 2017)

Em uma pequena cidade no interior da Inglaterra em 1959, uma viúva decide comprar uma casa antiga e abrir uma livraria. Florence Green (Emily Mortimer) é alertada para o fato de que as pessoas do local não tem o hábito de ler, mas insiste na ideia. O imóvel está caindo aos pedaços mas ela se muda para ele, começando os reparos e encomendando os primeiros volumes. E assim conhecemos A Livraria, adaptado de um romance de Penelope Fitzgerald, com roteiro e direção da cineasta espanhola Isabel Coixet. Florence é convidada para uma festa que conta com a mais alta sociedade local, organizada