Estante da Sala

[43ª Mostra de São Paulo] Teerã Cidade do Amor (Tehran: City of Love, 2018)

Esta crítica faz parte da cobertura da 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorre entre 17 e 30 de outubro na cidade. Três pessoas em busca de algo que não está lá. Teerã Cidade do Amor apresenta seus protagonistas inseridos em um cenário urbano que marca essa procura, mesmo que nem sempre o encontro seja possível. Teerã emoldura as incoerências de cada um e ilustra, ela mesma, suas próprias idiossincrasias. Hassam canta em enterros em uma mesquita e por isso seu cotidiano é mergulhado em roupas pretas e melancolia. Sua namorada termina o relacionamento porque não quer

[43ª Mostra de São Paulo] Os Dias da Baleia (Los Días de la Ballena, 2019)

Esta crítica faz parte da cobertura da 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorre entre 17 e 30 de outubro na cidade. Primeiro longa da cineasta colombiana Catalina Arroyave Restrepo, Os Dias da Baleia propõe um exercício de coming of age de sua protagonista que circula por lugares que tentam se comunicar, às vezes de forma conflituosa. Cristina, que atende simplesmente por Cris, é uma jovem de classe média que vai passar algum tempo na casa do pai. A mãe, jornalista que desafia carteis em Medellín, precisou sair do país em virtude das ameças de morte. Agora

[43ª Mostra de São Paulo] Cães do Espaço (Space Dogs, 2018)

Esta crítica faz parte da cobertura da 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorre entre 17 e 30 de outubro na cidade.  Com uma narração em off que soa impessoal e distante e imagens criadas para diretamente para o documentário, somos apresentados à história de Laika, a cachorra vira-lata que foi o primeiro ser vivo a ser enviado ao espaço. O programa espacial russo e o estadunidense lutavam para surpassar um ao outro, estabelecendo marcos na corrida espacial resultante de Guerra Fria. Foi no espaço que cachorrinha faleceu e sua capsula queimou quando entrou novamente na atmosfera.

#52FilmsByWomen ano 4: a conclusão

Terminei o meu quarto ano do desafio #52FilmsByWomen, que dei início em 1º de outubro de 2015 e renovei em todos os 1ºs de outubro seguintes. O desafio consiste em assistir a um filme dirigido por uma mulher por semana durante um ano, totalizando 52. Quatro anos atrás eu queria conhecer o trabalho de mais diretoras que ainda não conhecia. Hoje eu vejo o quanto aprendi e quantas diretoras ainda quero conhecer. No começo eu pesquisava e procurava cada filme que assistiria. Com a criação do Feito por Elas, em 2016, eles passaram a vir no fluxo das pautas escolhidas.

A Música da Minha Vida

A maior parte da filmografia da cineasta Gurinder Chadha, de origem indiana mas que mora no Reino Unido, trata de questões pós-coloniais, especialmente de mulheres indianas e sua relação com a metrópole, abarcando, com isso, relações de gênero e sexualidade além de raça, etnia e nacionalidade. Escrevendo dessa forma parece que seus filmes são complexos tratados de antropologia, mas na verdade são obras leves e agradáveis, como Driblando o Destino (Bend It Like Beckham, 2002) e Noiva e Preconceito (Bride and Prejudice, 2004). Em A Música da Minha Vida (Blinded By the Light, 2019), baseado em uma história real, o

Os Jovens Baumann

No ano de 1992 os oito primos, todos da família Baumann, se reúnem em sua fazenda para passar as férias. São os herdeiros do local, em Santa Rita do Oeste, Minas Gerais. Nós, em 2019, revisitamos suas conversas, caminhadas, brincadeiras e interações por meio das filmagens em VHS feitas por Isa, a prima que nunca aparece diante das câmeras. Os Jovens Baumann, filme de estreia de Bruna Carvalho Almeida, acaba por conectar dois momentos distintos: o passado fictício recriado com detalhes como um found footage e o presente de quem o assiste. A mediação entre eles é feita por uma

Rainha de Copas

Anne (Trine Dyrholm) é uma bem sucedida advogada que trabalha em casos de violência contra menores. Casada com um médico, mãe de duas filhas gêmeas e moradora de uma imensa casa com grandes panos de vidro rodeada por um bosque, ela parece ter uma vida perfeita. Mas a chegada de seu enteado, o adolescente Gustav (Gustav Lindh), desestabiliza sua rotina. Gustav, que enfrenta problemas na escola, aceitou terminar o ano letivo morando com o pai. Mas o que ele traz para a vida de Anne é toda uma nova vivacidade que contrapõe sua rotina. Ela é invisível para seu marido