Estante da Sala

Das vicissitudes da escrita: plágio

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Escrever é uma arte apaixonante. Pouco depois de me alfabetizar, comecei a escrever pequenos poemas. Dos poemas, vieram os diários: mantive o hábito de derramar reflexões e comentários do cotidiano por cerca de doze anos da minha vida. Com a era da internet, vieram os blogs (ferramenta que utilizo há cerca de treze anos) e também pequenas crônicas do cotidiano. Hoje em dia mantenho esse espaço e também a coluna Vestindo o Filme, no Portal Cinema em Cena. Jamais passou pela minha cabeça parar de escrever: trata-se de uma necessidade quase física. Embora tenha deixado de lado textos literários, não considero meus textos sobre filmes e figurinos meros amontoados de informações derramados no papel. Sempre há um fator de inspiração envolvido e algum exercício estilístico, que imprimam características da minha autoria.

Cada texto de análise de figurino é é um trabalho gestado com carinho: assisto o filme (às vezes mais de uma vez), tomo notas, observo detalhes, leio entrevistas com o/a figurinista responsável, coleto imagens ou tiro screenshots, faço montagens, tudo isso para culminar na escrita de um texto que acima de tudo é uma interpretação pessoal minha, carregada de subjetividade e por isso mesmo passível de discordância. Não é um trabalho jornalístico, mas sim um exercício de interpretação e expressão através da escrita. Esse processo todo é lento e trabalhoso, mas extremamente prazeroso e recompensador.

Na internet, por vezes, autoria torna-se uma fronteira indefinida. As pessoas tranquilamente se apropriam de trabalhos das outras, como se o que fosse posto para o grande público estivesse à disposição de todos. E ontem me deparei com um caso descarado de plágio de um texto meu. No site, o colunista escreveu que leu reportagens para escrever seu texto, mas com escrever quis dizer copiar parágrafos inteiros sem alterar uma virgula sequer.

O texto escolhido foi sobre Jogos Vorazes: Em Chamas, que foi publicado pela primeira vez no Cinema em Cena em 20 de novembro do ano passado, conforme pode ser visto nesse link. Já a coluna do dito site foi publicada no dia 30 de abril agora. Essa análise me exigiu duas idas ao cinema, para captar todos os detalhes e ter tudo pronto dois após a estreia e publicado cinco dias após, antes mesmo de o filme entrar em cartaz nos Estados Unidos (e esse sem dúvida é, dentre meus textos, o que mais foi divulgado e comentado quando de sua publicação). A denúncia no twitter gerou grande número de comentários e o proprietário se manifestou afirmando que o conteúdo era de um colaborador não ligado ao site, de forma que desconhecia o plágio, e retirou-o do ar, desculpando-se. E nessa hora só posso agradecer a rápida prestatividade da equipe do Cinema em Cena, especialmente Renato Silveira e Pablo Villaça.

Ainda assim é alarmante a forma como as pessoas entendem que a apropriação de conteúdo alheio é uma forma legítima de produzir o seu. Sendo meu trabalho nascido na subjetividade, é uma falta de respeito comigo, com o processo de escrita e com o próprio conceito de autoralidade copiá-lo sem citações.  Essa é a primeira experiência do tipo que me acontece e sinceramente espero que seja a última.

 

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