Primeiramente devo dizer que falhei miseravelmente em fazer uma lista de melhores esse ano. Primeiro porque minha repescagem de dezembro foi pro espaço, mais por preguiça do que por qualquer outra razão: quando acabei meus compromissos principais, estava tão cansada que não quis fazer nada remotamente parecido com trabalho. Depois, eu tive um punhadinho de filmes que amei, mais um tanto que eu gostei bem. Só que esses segundo são muitos e não os destaco o suficiente para fazer questão de incluí-los ou retirá-los. Enfim, em meio a essa bagunça, já tive entre 23 e 32 filmes listados (quando geralmente
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Mãe! (Mother!, 2017)
O novo filme do cineasta Darren Aronofsky, Mãe!, é compreensivelmente divisivo, mas o mínimo que se pode dizer é que não é uma obra da qual se escapa indiferente. Intenso e com um uso de imagens fortes, o filme enreda o espectador em uma trama que se apresenta na forma de camada sobre camada de alegorias. Em sua superfície nós temos uma história de casal: ela (Jennifer Lawrence) é casada com um escritor (Javier Barden). Eles moram em uma casa antiga, que pertencia a ele e que ela está reformando aos poucos, cômodo por cômodo. Ela acorda e passeia pela
Figurino: Noé
Texto originalmente publicado na coluna Vestindo o Filme em 23/04/2014. Mantendo fidelidade à temática de sua obra, Darren Aronofsky (Cisne Negro) mais uma vez dirigiu um filme sobre obsessão: Noé. Polêmico, talvez o maior problema do filme tenha sido a falta de compreensão da sua natureza: muitos esperavam uma adaptação literal da história bíblica, quando na verdade trata-se de uma baseada em uma graphic novel desenvolvida pelo próprio Aronofsky, reimaginando o mito. Se levarmos em conta a interpretação literal da Bíblia, teríamos que considerar que a criação ocorreu entre 6 mil e 10 mil anos atrás. Levando-se em conta a idade
Noé (Noah, 2014)
O antropólogo alemão Franz Boas afirmou que o mito tem origem histórica e se baseia no cotidiano do próprio povo que o criou. Por outro lado, defendeu que ele pode se espalhar através de difusão para outros povos que tenham proximidade geográfica. Ainda assim, seria possível encontrar relatos similares entre povos sem contatos anteriores, mesmo que sem uma causa primária semelhante ou uma significação semelhante. Grande parte dos povos da antiguidade buscavam se fixar nas proximidades de rios, porque facilitava a obtenção de água e alimento. Assim, eventualmente, uma cheia periódica poderia ser maior do que as normais, levando a busca
Fonte da Vida
[youtube=https://www.youtube.com/watch?v=DqGAK7tcIfI] Todo mundo falando de Noé e eu, atrasada no bonde, ainda não tinha visto nem Fonte da Vida, dentre os trabalhos da filmografia de Darren Aronofsky. Pode-se dizer que o filme é o pai menos bem executado de A Árvore da Vida, por lidar com temáticas semelhantes relacionadas à vida, morte, amor e luto. Hugh Jackman é Tom Creo, um cientista que procura uma cura para a doença de sua esposa Izzi, interpretada por Rachel Weisz. Izzi estava escrevendo um livro, mostrado na própria trama, como metáfora desta busca: Tomás, o protagonista, é um desbravador espanhol no século XVI em
Figurino: Cisne Negro – Obsessão e Delírio
Texto originalmente publicado na coluna Vestindo o Filme em 06/11/2013. Aviso: este texto contém revelações de detalhes da trama do filme. Darren Aronofsky, o diretor de Cisne Negro, é um obcecado pela obsessão. Ela se faz presente em cada um de seus trabalhos, com maior ou menor destaque. Aqui, auxiliado pela figurinista Amy Westcott, ele constrói o mundo de Nina, completamente entregue à dança. Westcott trabalhou com uma paleta de cores restrita, usando o rosa, o cinza e o preto para contar a história da personagem principal e de sua obsessão, realçando as etapas de sua jornada e sua evolução,
Cisne Negro (Black Swan/2010)
Assistido em 19/10/2013 [youtube=http://www.youtube.com/watch?v=4LxWFX5LGq0] Darren Aronofsky é um diretor obcecado por obsessão. Todos os seus filmes lidam com essa temática, em maior ou menor grau. Em Cisne Negro, Nina (Natalie Portman), uma bailarina do corpo de balé, tem na dança sua paixão. Aos vinte e poucos anos, controlada pela mãe Erica (Barbara Hershey), que largou o balé quando engravidou, ela vive apenas para dançar, deixando de lado sua vida pessoal e sexual. A dominação materna se manifesta na falta de privacidade dentro de casa, no modo infantil como é tratada e, consequentemente, como age, e numa relação abusiva como um