Estante da Sala

42ª Mostra de São Paulo- A Caótica Vida de Nada Kadic (2018)

Esta crítica faz parte da cobertura da 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorre entre 18 e 31 de outubro na cidade.  Uma geladeira quebrada, os alimentos colocados para gelar do lado de fora da janela. Os objetos jogados, fora de lugar. A pressa, os sapatos diferentes, que não formam par. A escola que não mais aceita os atrasos constantes. “Caótico” parece um adjetivo perfeito para a vida retratada. Dirigido por Marta Hernaiz Pidal e escrito por ela em parceria com Aida Hoffman, A Caótica Vida de Nada Kadic (Kaoticni Zivot Nade Kadic, 2018) mostra a rotina de Nada (Aida

42ª Mostra de São Paulo- Sofia (2017)

Esta crítica faz parte da cobertura da 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorre entre 18 e 31 de outubro na cidade.  Sofia (2017), escrito e dirigido por Meryem Benm’Barek-Aloïsi, é um filme que começa nos avisando que sexo fora do casamento é punido com um ano de prisão no Marrocos. A protagonista, que dá nome ao filme, é uma jovem de 20 anos de classe média e, em um almoço de família, sente uma forte dor abdominal e passa mal. A prima, que é estudante de medicina, rapidamente entende o que está acontecendo e diz aos demais que

Nasce uma Estrela (A Star is Born, 2018)

É fácil encontrar na internet um vídeo de Stephanie Germanotta aos dezenove anos tocando piano e cantando uma música de sua autoria: os pés descalços no pedal, o cabelo naturalmente castanho, o vestido sem glamour, a voz intensa e a entrega de um talento cru, mas patente. A jovem mostra domínio sobre a arte que cria, ainda que sem os elementos de polidez que a tornam vendável. Alguns anos depois, rebatizada Lady Gaga, se tornou mais que cantora e compositora: é uma performer, uma artista que cria uma fantasia de si a cada aparição pública, arrebatando fãs nesse processo. Gaga é um

Marvin (2017)

Quando o acrobata começa a pensar, ele cai Dirigido por Anne Fontaine (de Coco Antes de Chanel), Marvin é um um filme de coming of age, de descobrir-se a si mesmo, um Lady Bird queer de interior. O protagonista é Marvin Bijou (Jules Porier), um menino de olhar doce que mora em um vilarejo no interior da França. Sua mãe, Odile (Catherine Salée), o trata com afeto e o defende, mas ao mesmo tempo a dura rotina não permite que preste muita atenção no garoto. Seu pai, Dany (Grégory Gadebois), tem sua própria ética, mas é um homem tosco, rude e mergulhado em

Janelas: Mal do Século

Depois de um tempo sem usar, resolvi voltar ao “Janelas”, espaço criado para quando não vou escrever detalhadamente sobre um filme, mas quero destacar apenas alguns aspectos visuais. O escolhido para esse retorno foi Mal do Século (Safe, 1995), dirigido por Todd Haynes. A alienação de Carol, a personagem interpretada por Julianne Moore é destacada pelos espaços vazios em torno dela e pela distância mantida em relação aos outros personagens.    

Praça Paris (2017)

Publicado originalmente em 3 de novembro como parte da cobertura da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Dirigido por Lúcia Murat, Praça Paris tem como protagonista Glória (Grace Passô), que é ascensorista em uma universidade na cidade do Rio de Janeiro. Dos prédios de arquitetura marcante onde trabalha, é possível ver a favela onde reside: são duas cidades em uma só, dois territórios com leis diferentes e com diferentes perspectivas de trajetória para seus moradores. Glória convive com a violência, na forma do abuso sexual impingido pelo seu pai, desde muito cedo. Hoje visita sempre o irmão, Jonas (Alex Brasil), na

Um Lugar Silencioso (A Quiet Place, 2018)

Em um futuro pós-apocalíptico, uma família sobrevive morando em uma antiga fazenda, vivendo em silêncio para não ser atacada por criaturas que agem motivadas pelo ruído. Não sabemos o que aconteceu: a única pista é que grande parte das demais pessoas já foram dizimadas. Com essa premissa começa Um Lugar Silencioso, dirigido por John Krasinski. Krasinski também interpreta o protagonista Lee, que é casado com Evelyn (vivida por Emily Blunt, sua esposa também fora das telas). Somam-se a eles os filhos Marcus (Noah Jupe) e Regan (Millicent Simmonds). A sobrevivência do quarteto funciona melhor que a dos demais, o que é demonstrado pelas