Assistido em 25/09/2013
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Esse filme serviu para o diretor Steven Soderbergh se redimir do péssimo trabalho anterior, Terapia de Risco e ao mesmo tempo rir da cara dos estúdios. Biografia do espalhafatoso pianista Liberace, Soderbergh ofereceu-o a diversos estúdios, que recusaram-no. Acabou sendo produzido diretamente para TV pelo canal HBO e mostrou-se um sucesso absoluto, com direito a muitos prêmios e 95% de aprovação no Rotten Tomatos.
A história é baseada no livro homônimo de Scott Thorson, namorado de Liberace por cinco anos e que no filme é interpretado por Matt Damon. Thorson era um rapaz órfão que vivia com um casal de fazendeiros em uma vida dentro do armário. O ano inicial é 1977 e em um bar gay ele conhece um homem que se torna seu amigo e o leva ao show de Liberace. Nos camarins eles se conhecem e a aproximação de Liberace é imediata. Pouco depois Scott está morando em uma de suas casas, trabalhando para ele e sendo seu companheiro. O que o filme jamais menciona é que o rapaz na época tinha apenas 16 anos. Michael Douglas está impressionante interpretando o músico e a química entre os dois em cena é incrível e parece fluir naturalmente.
A produção é extremamente cuidadosa: do interior do bar gay com seus pôsteres de homens semi-nus à grandiosidade da cenografia do show no palco, com pianos extravagantes e grandes candelabros sobre eles, passando pela decoração kitsch e exagerada da casa do artista, é impossível não se perder na quantidade de detalhes trabalhados e não se encantar com eles. O figurino é de cair o queixo. O cuidado com a composição das jóias, especialmente os anéis, impressiona. As roupas de apresentação são executadas de maneira impecável, fato que pode ser comprovado nos closes que são dados nos bordados perfeitos das jaquetas e nas capas imensas. Liberace sempre está “montado”. Mesmo em casa utiliza túnicas longas e bordadas e pantufas douradas (sem contar a peruca, utilizada até para dormir). É um personagem até para si mesmo. Sua homossexualidade não era assumida e mesmo grande parte do seu público a desconhecia. Católico devoto, ele sempre manteve alguma namorada ou mesmo noiva de fachada. Quando um jornal britânico alardeou sua orientação sexual, ele o processou por calúnia e ganhou.
Mesmo que a relação entre Liberace e Scott por vezes tome rumos estranhos, o filme jamais os julga. O pianista pediu ao namorado que fizesse uma plástica deixando seu queixo maior e suas maçãs do rosto mais proeminentes, de forma a ficar mais parecido com ele quando era jovem. Isso porque ele pretendia adotá-lo como filho, já que não havia nenhuma lei na época que garantisse os direitos do cônjuge à herança em caso de casais homossexuais. Para isso, o cirurgião plástico Jack Startz (Rob Lowe) é contratado. Apesar das excentricidades eles são retratados como um casal feliz e intenso, até o momento em que o relacionamento começa a afundar, motivado pelos ciúmes e, principalmente, o consumo exacerbado de drogas por parte de Scott. Startz lhe oferece um coquetel de medicamente para emagrecer que inclui anfetaminas e cocaína. Até hoje Scott luta contra a dependência.
Quando sua relação já está em declínio, a forma que Liberace se aproxima de seu namorado seguinte, na presença de Scott, que, sentado, comendo, debocha do que se passa, repete o que aconteceu quando Scott o conheceu e seu ex bebia e comia no mesmo recinto. Aparentemente Liberace vivia em um ciclo de namorados bem mais jovens que ele. Apesar disso, aparece como um senhor bastante solitário.
Juntamente com o figurino, Michael Douglas é sem dúvida o ponto alto do filme. Sua interpretação é incrível e nunca deixa o personagem ficar caricato (o que convenhamos, seria bastante fácil acontecer). O filme como um todo, entretém, enche os olhos e cativa. Belíssimo trabalho.
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