Assistido em 27/08/2013
Pai é um filme estranho. A filmagem parece feita para televisão, e não para cinema. As cenas em close nos personagens e os cenários, que parecem feitos para novela, realçam essa sensação. O protagonista, Auro (Amitabih Bachchan), é um menino de doze anos portador da doença genética progeria, que causa uma aparência precocemente envelhecida. Por causa, dela, tem a saúde de um homem de setenta anos. Sua mãe, Vidya (Vidya Balan) é uma médica ginecologista e eles moram com sua vó. Seu pai não sabe que ele existe, pois quando Vidya engravidou ambos ainda estavam na faculdade e ele propôs a ela que fizesse um aborto, para não atrapalhar os planos de carreira de ambos. Ela terminou o namoro e ocultou o fato de ter levado a gravidez adiante. Até que Auro recebe um prêmio de mérito escolar das mãos do parlamentar Amol Arte (Abhishek Bachchan, filho de Amitabih), que vem a ser o seu pai, sem que nenhum dos dois saibam dessa relação. À partir daí o contato entre os dois cresce, para desconforte de Vidya.
A trama não foca na doença de Auro e nem explorar o impacto dela no seu cotiano. Pelo contrário, ela parece apenas um detalhe em uma narrativa sobre a relação entre uma criança e seus pais.
Amitabih Bachchan (que recentemente fez uma participação em O Grande Gatsby) é um dos grandes astros do cinema indiano. Aqui ele aparece com pesada maquiagem para compor o personagem, mas, levando-se em conta seus quase setenta anos à época da produção, aliado a sua altura de quase um metro e noventa, o resultado final é pouco convincente e em algumas cenas beira o bizarro. Junta-se a isso diálogos rápidos e com pretensões humorosas, mas afiados demais para uma criança de doze anos e temos uma composição de personagem completamente falha. Em nenhum momento o expectador deixa de perceber que é um adulto tentando imitar uma criança mimada de forma engraçadinha, mas apenas atingindo a artificialidade. Apesar disso, a forma como Auro vai descobrindo como se relacionar com o pai é bonita.
A história ainda tem alguns pontos politicamente questionáveis. Amol Arte trata a imprensa indiana como hipócrita, pois supostamente eles defendem que as pessoas pobres que não têm como obter moradia invadam terrenos sem uso, mas não cedem suas casas para isso. Uma lógica deveras tortuosa. De qualquer forma, Amol é retratado como um jovem político idealista e incorruptível.
É interessante que todos os personagens falam em hindi e em inglês, alternando de uma língua para a outra no mesmo diálogo.
Mistura de novela mexicana com comédia da Globo Filmes, Pai tem seus bons momentos e até rende algumas risadas, mas não funciona como um todo.