Esta crítica faz parte da cobertura da 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorre entre 18 e 31 de outubro na cidade.
Nesse documentário uruguaio, escrito e dirigido por Mercedes Dominioni, somos apresentados ao jovem Juan, que tem grande interesse por telenovelas. Fascinado com o mundo de narrativas rocambolescas, vilões marcantes e reviravoltas, trata, ele mesmo, de escrever roteiros para suas histórias. Quem embarca nessa aventura de fantasia junto com ele é sua avó, Rosa, que tem mais de 90 anos de idade. Juntos, com o auxílio de uma pequena câmera digital, perucas e alguns adereços, constroem suas próprias narrativas dia após dia.
A dinâmica das cenas é interessante, nos deslocando para a mente inventiva do garoto, que teme, por exemplo, fazer dezoito anos porque então poderia ser preso falsamente acusado por alguém. Os demais membros da família também tomam parte da brincadeira em certos momentos, mas é o laço entre neto e avó que se fortalece no exercício criativo. Juan se envolve tanto com sua estética de telenovela que, diante da equipe do próprio documentário, por vezes parece estar sempre atuando, ampliando seus gestos e falas com dramaticidade.
O que o filme delineia sem jamais abordar diretamente é que Juan é diagnosticado com Síndrome de Asperger e como suas criações ajudam-no a colocar ordem sua própria vida, com dias certos para cada atividade da filmagem. O que está, sim, constantemente presente, é o afeto entre avó e neto, que guia as atividades.
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