Assistido em 10/05/2013
De Olhos Bem Fechados é um filme prejudicado pela publicidade mal feita. Propagandeado (e, na época, polemizado) como um suspense erótico, o erotismo passa longe de sua história, embora a nudez esteja lá o tempo todo. Trata-se de uma história de dominação e certa obsessão, protagonizada pelo casal queridinho de Hollywood naquele momento. Possivelmente eles nunca estiveram tão bonitos como nesse filme (embora a atuação de Nicole Kidman esteja longe de ser boa). O personagem principal, Dr. William”Bill” Harford (Tom Cruise) e sua esposa Alice Harford (Nicole Kidman), são convidados para uma festa da alta sociedade, como é habitual. Alice está linda e é elogiada por todos menos pelo próprio marido, que sequer se vira para olhá-la quando ela pergunta se está bonita. Na festa, ele a deixa sozinha e ela bebe demais. Um figurão pede para dançar com ela e flerta abertamente. Ela vê seu marido entretido com duas jovens. Ao chegar em casa os dois discutem. Segundo Bill, ele não tem ciúmes dela porque é mãe de sua filha. Sua presença ao seu lado é garantida, mulheres não possuem esse tipo de desejo e ele não faz sexo com outras pessoas em sua consideração. Em resposta ela fala que nas férias, por muito pouco não largou tudo e foi embora com outro homem que só a havia olhado. Bill recebe um telefonema avisando que um paciente havia morrido e sai de casa durante a madrugada. E o que se segue são seus os desvarios de controle. Ele não aceita que Alice tenha desejos próprios, que não envolvam a pessoa dele. Afinal, conforme seu pensamento, mulheres não vêm sexo da mesma forma que os homens. Tudo que acontece desse momento em diante são seus desejos ( sexo com prostituta, com menor de idade, em grupo) e seus medos (homofobia, doenças venéreas, a descoberta da sua identidade, violência e morte). No seu olhar, todas as mulheres são submissas, daquela que vai casar com um homem que não ama as que usam máscaras e se despem diante de todos em um ritual. Mesmo uma moça morta é referida apenas como um objeto de desejo, “com belos seios”. Em sua própria imaginação a visão de Alice fazendo sexo com o desconhecido militar das férias o atormentam. Certas partes do filme funcionam de forma quase onírica, deixando o público decidir o que e real e o que não é. Embora a nudez e o sexo apareçam constantemente em cena, sempre são de forma distanciada e fria. O filme se fecha na negação do desejo. Falar que a fotografia e a escolha de cores de Kubrick são certeiras é chover no molhado. As cenas, especialmente na mansão onde se passa a orgia, são lindas. Os tons de vermelho e dourado permeiam o filme de maneira marcante. É um ótimo desfecho para sua carreira.