Assistido em 13/09/2013
“I cheat. It’s an addiction.”
A vontade de ver esse filme nasceu ao ouvir o podcast do Cinema em Cena sobre Cinemascope (muito bom, ouçam!). Nesse romance, o galanteador italiano Nickie Ferrante (Cary Grant) casará com uma milionária americana, mas no navio em que viaja para Nova York conhece a cantora Terry McKay (Deborah Kerr), também comprometida. Eles se apaixonam e fazem um acordo: nos próximos seis meses vão organizar suas vidas, terminar os relacionamentos com seus respectivos e encontrar-se no topo do Empire State, caso ainda desejem casar-se um com o outro. (Qualquer semelhança com Harry & Sally – Feitos um Para o Outro não é mera coincidência) Mas algo não sai como o planejado.
A história é contada de forma leve e o romance parece crível. Nada é apressado. Utiliza-se de alguns elementos clichês também, como mostrar através das relações de ambos com a avó dele que a mocinha é um bom partido, ao se dar bem com a velha senhora, e ao mesmo tempo, que ele apesar de um sedutor incorrigível, tem bom coração. Impressiona a delicadeza com compõe a sequência do primeiro beijo do casal. Ambos estão descendo uma escada no convés, de mãos dadas. Terry sobe alguns degraus novamente e Nickie a acompanha, permanecendo um degrau abaixo. O beijo é oculto do espectador: seus troncos ficam fora de cena e podemos apenas presenciar suas pernas e assim compreender o que está acontecendo.
Em outra cena de muita delicadeza, Nickie retorna à casa de sua avó, agora já falecida, e acaricia a cadeira em que meses antes a senhora estivera sentada. Virando para o outro lado da sala, observa a cadeira em que Terry sentava e hesita em afagá-la. É como se o personagem ponderasse o que perdeu ao longo desses meses e esse peso o retivesse.
O noivo de Terry mostrou-se um personagem extremamente compreensível ao longo da trama, não só entendendo o que se passa com ela, mas apoiando-a em suas decisões, mesmo quando não concorda, e ajudando-a.
Destoa do restante do filme as partes em que Terry é mostrada coordenando um coral de crianças. Ao mesmo tempo em que essas cenas parecem querer mostrar que a personagem aceitou sua nova realidade, elas nos desconectam da história dos protagonistas.
Trata-se de um filme emocionante e muito bonito, com um romance que pode ser considerado “água- com-açúcar”, mas ao mesmo tempo é bastante crível. É uma pequena joia em um gênero hoje tão formulaico.
Obs: Em determinada cena, Nickie fará uma apresentação na TV e um dos responsáveis pergunta “E o rosto dele?” e o outro responde “Brilhante”, antes de aplicar pó para reduzir a oleosidade. Interessante saber que esse era um problema percebido, porque em todos os filmes que assisti com Cary Grant, seu rosto sempre está brilhando. Será que a maquiagem não dava conta ou era por escolha mesmo?
1 thought on “Tarde Demais para Esquecer (An Affair to Remember/ 1957)”