Assistido em 16/09/2013
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Após sua morte, em 2011, Steve Jobs se consolidou como verdadeiro objeto de culto. Não por acaso essa cinebiografia foi feita tão rapidamente, aproveitando-se do momento para ganhar mais com bilheterias. (Lembrando que há ainda outro filme sobre Jobs em produção).
Acontece que a pressa pode ter prejudicado o resultado final. O filme conta com uma direção desleixada Joshua Michael Stern que, juntamente com o roteiro que peca pela falta de conexões entre os momentos da vida de Jobs apresentados, resulta em uma pincelada superficial na história do empresário. Outra falha grave do roteiro são os diálogos, verdadeiros discursos motivacionais que não soam nada naturais.
O começo da película já é bastante risível: os personagens com uma aura “hippie” se drogando em campos verdejantes, acabam por ficar ridículos. A escolha de Ashton Kutcher para o papel principal também constituiu um grande erro. O ator, pouco versátil (e talentoso), embora guarde grandes semelhanças físicas com o retratado e tenha aprendido a imitá-lo, não foi além disso: justamente uma simples imitação, sem a carga de dramaturgia necessária para realmente encarnar o personagem. Quando Jobs é mostrado andando de longe dentro das dependências da Apple, com as costas meio encurvadas e as mãos encrespadas, não dá pra deixar de notar certa semelhança com o Sr. Burns, do desenho animado Os Simpson. Percebe-se que o casting foi bastante cuidadoso na escolha dos atores pela aparência física. Nos créditos são mostradas fotos das pessoas retratadas na vida real lado a lado com os atores que os interpretaram e as semelhanças são grandes. Mas talvez devessem ter pensado mais no quesito atuação.
Embora o filme tente humanizar Jobs, mostrando seus defeitos, como a irascibilidade, a capacidade de enganar os próprios amigos e o fato de ter negado a paternidade de sua filha Lisa por anos, ele ainda cai no erro da idealização. Tal fato fica patente em uma cena que o personagem está em um salão com um grande retrato de Einstein na parede atrás dele, como que comparando “dois grandes gênios”. Ao mesmo tempo em que o trata como gênio, jamais estabelece qual o seu papel real dentro da Apple, chegando mesmo a dar a entender que ele inventava produtos.
No final das contas, o personagem que se destaca na trama é o amigo Steve Wozniak, interpretado carismaticamente por Josh Gad. Em determinado momento, Woz fala sobre a Apple: “do it for fun”. Não posso deixar, nesse momento, de comparar a figura de Jobs com Linus Torvalds, o simpático e discreto criador do sistema operacional Linux, que vive de forma tranquila e escreveu um livro sobre seu trabalho intitulado Só Por Prazer (Just for Fun). Mas na nossa sociedade atual, o “só por prazer” não é o suficiente. Talvez por isso Jobs seja alvo de tanta adoração.
Para mais informações a respeito da fundação da Apple e sua concorrência com a Microsoft, recomendo o filme feito para TV Piratas do Vale do Silício.
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