Permanência (2014)

Mais um belo filme nacional estrelado por Irandhir Santos, Permanência tem como trama a chegada do fotógrafo pernambucano Ivo, por ele interpretado, à cidade de São Paulo, onde vai montar sua primeira exposição individual. Para isso fica hospedado na casa de Rita (Rita Carelli), sua ex-namorada, que agora já está casada com outro homem, Mauro (Sílvio Restiffe). Em um primeiro momento o que se percebe é o contraponto entre a visão do protagonista sobre a grande metrópole e, em troca, a visão dos moradores desta sobre sua terra e sua pessoa. O estranhamento é mútuo e reflete, em parte, a

Projeto Cinema de Arte do Cinépolis chega a Manaus

Ontem, dia 13 de maio, às 21h, no Cinépolis Ponta Negra, ocorreu a abertura para imprensa e convidados do Projeto Cinema de Arte, que tem por objetivo trazer filmes que tiveram boa presença em festivais e críticas elogiosas para a cidade de Manaus. O Projeto já passou por Fortaleza, Natal, Recife, João Pessoa e Salvador. A curadoria é feita pelo jornalista e crítico de cinema Pedro Martins Freire. Segundo a equipe do Cinépolis, a ideia é que depois que essa mostra for encerrada, a cidade passe a receber um filme “de arte, alternativo ou não-blockbuster” por semana, com duas sessões

Figurino: Cinderela

Texto originalmente publicado na coluna Vestindo o Filme em 10/04/2015. “Tenha coragem e seja gentil.” O mais popular de todos os contos de fadas já foi adaptado para o cinema diversas vezes, mas a animação da Disney Cinderela, de 1950 continua sendo a mais famosa. Agora o próprio estúdio recriou o conto de Perrault em uma versão live action de mesmo título. Ao contrário de outras adaptações recentes, que construíram mundos mais sombrios, como Malévola, esta manteve a atmosfera infantil e mágica. Dirigido por Kenneth Branagh, o filme conta com figurino da veterana Sandy Powell, que trabalhou com Scorsese em

Filmes Assistidos em Abril

(Quase esqueço dessa postagem!) Esse foi um mês atípico: primeiramente porque praticamente só assisti a filmes de um diretor, Lars von Trier, em virtude do podcast do Cinema em Cena sobre sua filmografia, gravado durante a semana que estive em Belo Horizonte. Com a viagem, foram dez dias sem ver nenhum filme, mas foi um mês tão cansativo que nem senti falta. Depois porque acho que pela primeira vez não tive nenhum filme avaliado com cinco estrelas. (A imagens dessas postagens mensais sempre dizem respeito a um filme com essa avaliação máxima). Em parte isso se deveu ao fato de

Cinderela (Cinderella, 2015)

Na onda dos remakes e reimaginações de contos de fadas (como Malévola), Cinderela, versão live action da famoso conto de Perraut, se mostra mais tradicional em sua abordagem, mas isso não necessariamente é ruim. Dirigido por Kenneth Branagh, a história é praticamente idêntica àquela que os próprios Estúdios Disney, responsáveis pelo filme, produziram em animação em 1950. A jovem protagonista, aqui chamada de Ella (Lily James) perde a mãe ainda muito cedo. O pai se casa novamente e além da Madrasta (Cate Blanchett), ela ganha duas irmãs, Drisella (Sophie McShera) e Anastasia (Holliday Granger). Com a morte do pai e perda

Vício Inerente (Inherent Vice, 2014)

No ramo de seguros, “vício inerente” é quanto um objeto tem um defeito oculto ou uma propriedade que contribui para sua deterioração ou dano. Essas características o tornam inaceitável para ser segurado. O nome do filme já é intrigante, mas a trama é justamente sobre isso: elementos que se estragaram e nunca mais foram os mesmos. Dirigido por Paul Thomas Anderson, Vício Inerente conta com um elenco impressionante, a começar por Joaquin Phoenix, que interpreta o protagonista Doc, um detetive particular que atua na Los Angeles movida a maconha de 1970. O filme demora para engrenar e seu primeiro terço é bastante

Figurino: Precisamos Falar Sobre o Kevin

“Costumava pensar que sabia. Agora não tenho certeza.” Uma das sequências iniciais já entrega: apesar de ter a tensão construída de maneira gradual e sem uso de violência gráfica, os signos que dão pistas do antecipado desfecho não são sutis. A protagonista, Eva (Tilda Swinton) aparece em um flashback sendo carregada, com os braços abertos em cruz, em meio ao festival La Tomatina, na Espanha. A imagem se conecta à jornada de calvário da personagem. O ideário de martírio e penitência começa com próprio nome: Eva, a primeira mulher, a mãe e a responsável pelo pecado original. A culpa relacionada