Estante da Sala

Construindo Pontes (2017)

Publicado originalmente em 3 de novembro como parte da cobertura da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Sem ler nada a respeito do filme, apenas confiando na direção de Heloisa Passos (fotógrafa do recente Mulher do Pai), após as primeiras cenas me peguei pensando que se tratava de um documentário sobre grandes obras de engenharia, especialmente hidrelétricas, e no impacto que elas acarretam, especialmente nos modos de vida tradicionais. Não poderia estar mais errada. Mas certa também. As pistas entendidas de maneira errada vieram de gravações caseiras com que a diretora foi presenteada que mostram a ação dos explosivos nas cachoeiras

Visages Villages (2017)

Postado originalmente em 3 de novembro como parte da cobertura da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo  Agnès Varda é sem dúvida uma figura cativante. Aos 89 anos, dos quais mais de sessenta foram dedicados ao cinema, a diretora vive uma fase de reconhecimento pleno e foi homenageada com um Oscar honorário por sua trajetória, fato que ironiza, uma vez que mesmo esse seu filme mais recente foi realizado através de financiamento coletivo, como pode ser conferido logo nos agradecimentos dos créditos de abertura. E agora esse mesmo filme foi indicado na categoria de Melhor Documentário, sua primeira indicação

Melhores documentários assistidos em 2017

Esse é o terceiro ano em que elaboro a lista de documentários que mais gostei de ver ao longo do período. É a primeira vez em que, com apenas uma exceção (logo a primeira colocada) todos os demais são lançamentos. Quase não assisti a documentários mais antigos esse ano, o que é sempre uma pena. (Aliás, elaborando as listas de melhores do ano percebi que deixei de fazer muita coisa esse ano). Mas também o #52FilmsByWomen está rendendo resultados e por acaso apenas um não dirigido ou co-dirigido por uma mulher. Bom, porque separar os documentários dos demais filmes? A

Era o Hotel Cambridge (2016)

O artigo sexto de nossa Constituição Federal estipula que “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a  segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados”. O Estado tem a obrigação de garantir que sua população tenha moradia, mas o que fazer quando os governos não só se recusam a fazê-lo, como reagem no sentido de silenciar movimentos que tentar garantir seus direitos? Essa é uma das muitas questões levantadas em Era o Hotel Cambridge, da diretora Eliane Caffé. Trabalhando nos limites entre o ficcional e

Melhores documentários assistidos em 2016

Pelo segunda vez elaboro essa lista de melhores documentários assistidos ao longo do ano. Essa lista existe porque opto por não incluí-los na de melhores filmes no ano, apenas para facilitar meu próprio trabalho. Estão inclusos obras de qualquer época que eu tenha assistido pela primeira vez em 2016. A lista está grosseiramente ordenada em ordem de preferência, disponível também no Letterboxd e os filmes que possuem críticas tem seus links no post. Paris is Burning (1990) Direção: Jennie Livingston Intenso, divertido, emocionante e imersivo filme sobre a cena queer novaiorquina no final dos anos 80 e começo dos 90. A 13ª Emenda (13th,

As Mulheres que Ele Despiu (Women He’s Undressed, 2015)

As Mulheres que Ele Despiu é o título da autobiografia jamais publicada do premiado figurinista Orry-Kelly. O documentário homônimo dirigido por Gillian  Armstrong descortina sua vida e obra desde o vilarejo natal na Austrália, passando pelo período em que morou em Nova York e trabalhou na Broadway até chegar à consagração na época de ouro de Hollywood. Kelly começou a sua carreira como aspirante a ator e foi dessa forma que se mudou para os Estados Unidos. Usou sua experiência com os bastidores do teatro e o contato profissional com as coristas para se alçar primeiro ao papel de cenógrafo e finalmente

Paris is Burning (1990)

Paris is Burning é o perfeito retrato de uma cultura em um local e época específicos. O documentário de 1990, dirigido por Jennie Livingston, foi filmado entre 1985 e 1989 nos bailes queer do Harlem, em Nova York. Seus protagonistas são os participantes deles, majoritariamente compostos por homens gays e mulheres trans, negros e latinos. O filme possibilita a reflexão sobre as exclusões sistêmicas de cunho étnico-racial e de classe a que seus personagens são submetidos. Sonhando com riqueza, aceitação e uma vida melhor, eles competem em desfiles de drag em categorias como “empresário”, “estudante universitário”, “magnata do campo”, entre outras, mostrando que se