Estante da Sala

Figurino: Quanto Mais Quente Melhor

Texto originalmente publicado na coluna Vestindo o Filme. Bem, ninguém é perfeito! Lançada em 1959 e dirigida por Billy Wilder, Quanto Mais Quente Melhor é considerada uma das melhores comédias de todos os tempos. A trama é bastante simples: na Chicago de 1929, Jerry (Jack Lemmon) e Joe (Tony Curtis), dois músicos com problemas financeiros, testemunham uma matança perpetrada pela máfia. Para fugir da queima de arquivo que viria a seguir, adotam os nomes “Daphne” e “Josephine” e juntam-se a uma banda composta só por mulheres. Lá eles conhecem a encantadora cantora Sugar (Marylin Monroe) e o grupo segue para uma

Figurino: Yuppies e feminismo no cinema dos anos 80

Texto originalmente publicado na coluna Vestindo o Filme em 12/11/2014. Os anos 80 trouxeram consigo uma reação à geração da contracultura: depois que o sonho acabou, conservadorismo e individualismo tomaram o lugar dos ideais anteriores. Nos Estados Unidos, especificamente, houve a ascensão dos chamados “yuppies”, termo vindo de “young urban professional”, jovens profissionais urbanos altamente competitivos e preocupados com a imagem. Nessa mesma época vicejava a segunda onda do feminismo. Se a primeira onda, já no começo do século XX, reivindicava para as mulheres direitos básicos, como o de votar, a segunda clamava por igualdade de tratamento e de direitos

Orgulho e Esperança (Pride, 2014)

Não pretendia escrever sobre esse filme aqui no blog, uma vez que já o havia feito em poucas palavras no Letterboxd, mas mudei de ideia. Esse é um filme que merece ser falado e espalhado. Não é que seja uma obra-prima ou que vá deixar o espectador sem ar diante de sua técnica impecável: é que trata-se de uma obra necessário, que introjeta otimismo em quem o assiste. A trama é baseada em uma história que ocorreu no Reino Unido em 1984: os mineradores do País de Gales entraram em greve por melhores condições de trabalho e tiveram seu salários

Figurino: Minha Vida em Cor-de-Rosa

Texto originalmente publicado na coluna Vestindo o Filme em 29/10/2014. Nem só de trajes exuberantes e grandiosos se faz um belo figurino. A qualidade do trabalho está em atender as necessidades narrativas da película, construindo a história juntamente com os demais elementos envolvidos no seu feitio. Minha Vida em Cor-de-Rosa, um singelo filme francês de 1997, possui roupas contemporâneas casuais, mas que compõem de forma bastante precisa o universo retratado. Dirigido por Alain Berliner e com figurino de Karen Muller Serreau, narra a história de Ludovic (Georges Du Fresne), uma criança que acabou de se mudar com sua família para

Livro: Travesti- Prostituição, Sexo, Gênero e Cultura no Brasil

Escrito pelo antropólogo sueco Don Kulick, o livro Travesti- Prostituição, Sexo, Gênero e Cultura no Brasil aborda de forma bastante intensa e imersiva a vida de trevestis na cidade de Salvador em meados dos ano 90. É interessante a visão de um estrangeiro sobre uma realidade de vivências trans que ele afirma serem praticamente exclusivas do Brasil: as travestis. Chamando o país de “uma sociedade de violência”, após viver 8 meses com 13 travestis. relata as vivências delas em meio à ojeriza de uma sociedade que não só as colocam à margem, mas as agridem fisicamente de maneira cotidiana. Questões de gênero e classe

Figurino: Drácula- orientalismo, uso de cores e sexualidade

Texto originalmente publicado na coluna Vestindo o Filme em 30/07/2014. I have crossed oceans of time to find you. Como figurinos atendem a demandas específicas para a composição dos personagens, demandas estas que se encaixam na visão geral que o diretor tem sobre a obra, raramente um figurinista consegue ser autoral. Eiko Ishioka é uma profissional a quem se pode aplicar esse rótulo: com pouquíssimos filmes em sua filmografia, suas peças são facilmente identificáveis. É nítida sua preferência por cores sólidas, as suas referências, como o barroco e o vestuário tradicional japonês e as formas esculturais bem como o cuidado

Garota Exemplar (Gone Girl, 2014)

David Fincher conseguiu novamente: com Garota Exemplar o diretor criou um filme fantástico. Passada uma semana de quando o assisti, ainda não consigo parar de pensar nele e em tudo que ele deixa marcado. Roteirizado por Gillian Flynn, também autora do livro em que é baseado, seu começo causa certo estranhamento: Nick (Ben Affleck) e Amy (Rosamund Pike) se conhecem em uma festa, entabulando um diálogo espirituoso digno de uma comédia romântica das mais clichês. Mas é claro que algo mais se esconde sob essa aparência: em breve descobrimos que a trama é relatada através do ponto de vista e do