Esta crítica faz parte da cobertura da 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorre entre 18 e 31 de outubro na cidade. Com passagem por diversos festivais mundo afora, Culpa (Den skyldige, 2018) é o candidato dinamarquês a uma vaga no prêmio de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar de 2019 e também é o primeiro longa metragem de seu diretor, Gustav Möller. Seu protagonista é Asger (Jakob Cedergren), que à princípio sabemos ser um policial afastado das ruas, aguardando julgamento e que está alocado, temporariamente, na central telefônica da polícia, atendendo a chamadas de emergência. Asger não é
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Praça Paris (2017)
Publicado originalmente em 3 de novembro como parte da cobertura da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Dirigido por Lúcia Murat, Praça Paris tem como protagonista Glória (Grace Passô), que é ascensorista em uma universidade na cidade do Rio de Janeiro. Dos prédios de arquitetura marcante onde trabalha, é possível ver a favela onde reside: são duas cidades em uma só, dois territórios com leis diferentes e com diferentes perspectivas de trajetória para seus moradores. Glória convive com a violência, na forma do abuso sexual impingido pelo seu pai, desde muito cedo. Hoje visita sempre o irmão, Jonas (Alex Brasil), na
Um Lugar Silencioso (A Quiet Place, 2018)
Em um futuro pós-apocalíptico, uma família sobrevive morando em uma antiga fazenda, vivendo em silêncio para não ser atacada por criaturas que agem motivadas pelo ruído. Não sabemos o que aconteceu: a única pista é que grande parte das demais pessoas já foram dizimadas. Com essa premissa começa Um Lugar Silencioso, dirigido por John Krasinski. Krasinski também interpreta o protagonista Lee, que é casado com Evelyn (vivida por Emily Blunt, sua esposa também fora das telas). Somam-se a eles os filhos Marcus (Noah Jupe) e Regan (Millicent Simmonds). A sobrevivência do quarteto funciona melhor que a dos demais, o que é demonstrado pelas
Blade Runner 2049 (2017)
Então Deus lembrou-se de Raquel. Deus ouviu o seu clamor e a tornou fértil. (Gênesis 30:22) Los Angeles, 2049: uma cidade cinza, chuvosa, mas com menos neon do que alguns anos antes. Como o próprio nome indica, Blade Runner 2049 se propõe a ser uma sequência do clássico de 1982, cuja narrativa se passa cerca de três décadas depois. Se aquele era dirigido por Ridley Scott, esse fica nas mãos de Denis Villeneuve. O roteiro, por sua vez, tem autoria dividida entre Hampton Fancher, que também roteirizou o primeiro filme, e Michael Green, responsável pelo argumento de Alien: Covenant. E isso explica
Alien: Covenant (2017)
“Meu nome é Ozymandias, rei dos reis: Contemplem minhas obras, ó poderosos, e desesperai-vos!” Nada resta: junto à decadência Das ruínas colossais, ilimitadas e nuas As areias solitárias e inacabáveis estendem-se à distância. Percy Shelley- Ozymandias Dirigido novamente por Ridley Scott, Alien: Covenant se apresenta como uma continuação direta de Prometheus, ainda que aquele não se assumisse como um filme Alien. Dessa vez o terror é deslocado do alien em um cenário hermético para o anseio por criar, que nos definiria humanos, fazendo uso de um design de produção interessante (incluindo a criação de um planeta e suas edificações, além
A Criada (Ah-ga-ssi, 2016)
Perverso e delicioso, A Criada, novo filme dirigido por Park Chan-Wook, se desenrola em camadas, brincando inescrupulosamente com as expectativas de quem o assiste. Adaptado da novela Fingersmith, de Sarah Waters, trata da história de um golpista que se passa por um conde chamada Fujiwara (Jung-woo Ha) para casar com a senhorita Hideko (Min-hee Kim), uma jovem herdeira, com a ajuda de Sook-Hee (Tae-ri Kim), uma batedora de carteiras que posiciona como a criada pessoal do título e por quem a primeira se apaixona. A história original se passa no contexto do rígido sistema de classes vitoriano, e aqui é
Elle (2016)
Paul Verhoeven retorna com Elle, um filme polêmico e aclamado, adaptado do romance Oh…, de Philippe Djian. O auteur provocateur se propõe a criar um suspense com pitadas uma comédia de humor ácido que retrata o suposto jogo de gato e rato entre uma mulher, Michèle (Isabelle Huppert) e seu perseguidor. Michèle é uma poderosa CEO de uma empresa de jogos e se apresenta como uma pessoa forte, dura e distante, o que é comprovado pelas falas de seu ex-marido Richard (Charles Berling). A primeira cena que o espectador testemunha é uma em que essa mulher, até então desconhecida, é jogada no chão, tem