Estante da Sala

Dicas de Documentários na Netflix

Esse vai ser uma postagem rápida e atípica, com sugestões de três documentários que estão no catálogo da Netflix.

As Hipermulheres (2011) é dirigido pelo antropólogo Carlos Fausto e pelos cineastas Leonardo Sette e Takuma Kuikuro. Kuikuro é um cineasta indígena formado pelo projeto vídeo nas aldeias, de Vincent Carelli. O filme aborda o ritual Jamurikumalu, tradicionalmente performado pelas mulheres do povo Kuikuro, no Alto Xingu, no Brasil. A tradição dita que no período em que ele acontece, ocorre uma inversão de papéis na aldeia, como uma espécie de ritual de rebelião. Assim, as mulheres utilizam adornos e armas masculinos, praticam suas lutas e fazem abordagens de cunho sexual, ao mesmo tempo que zombam do desempenho de seus amantes e outros homens. Tudo isso ocorre com o consentimento de todos. Mas a mulher mais velha, responsável pelas canções, já não as recorda direito e precisa lembrar delas para ensinar às mais jovens. A obra se beneficiaria de uma montagem mais ágil e uma abordagem mais contextualizada para quem não está acostumado com filmes etnográficos, mas o tema é bastante interessante. Tradição e gênero são os temas que puxam o documentário.

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As-HiperMulheres.-Cartaz

Doméstica (2012), dirigido e roteirizado por Gabriel Mascaro, é outro documentário. Dessa vez o foco é a relação entre as empregadas domésticas brasileiras e a família com quem moram. Macaro entrega câmeras para que os adolescentes de cada uma das casas registrem o cotidiano daqueles que trabalham para eles, a moradia, os sonhos e as contradições que vêm de um contato tão íntimo e tão hierarquizado. Um filme interessantíssimo, que comprova que as relações de casa grande e senzala estão longe de terminar no Brasil.

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doméstica

Por fim, India’s Daughter (2015) aborda o recente estupro coletivo de Jyoti Singh, estudante de medicina na Índia, e suas consequências. O roteiro e a direção ficam por conta de Leslee Udwin. O filme se preocupa em não particularizar o ocorrido, mas sim contextualizar a cultura de estupro que permite e justifica ações como essas. Entrevistas com um dos estupradores e com um dos advogados são especialmente impactantes, assim como a fala da esposa de um dos condenados. O contexto social da favela em que cresceram é trazido à tona e mais do que indivíduos cruéis, o que vemos é uma sociedade que valida seus atos (o que em maior ou menor grau acontece em outros lugares, como no próprio Brasil).

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