Estante da Sala

O Impossível (Lo Imposible/ 2012)

Assistido em 11/02/2013

Adiei esse momento ao máximo, pois confesso que fiquei com uma certa preguiça de escrever sobre esse filme. Na verdade a preguiça já começou antes de assisti-lo: adiei ao máximo por estar com o pé atrás. Explico-me: a narrativa é baseada na história real de uma família espanhola (pai, mãe e três meninos) que estava na época de Natal em 2004 na Tailândia, quando esta foi atingida pelo tsunami que devastou a região, matando 240 mil pessoas em 14 países. Para a adaptação cinematográfica, embora a produção seja espanhola, optou-se por atores britânicos e um “aloiramento” de todos os protagonistas. Isso me incomodou de antemão. Além do mais acho interessante o fato de em uma tragédia em que milhares de pessoas morreram dessa forma, a empatia precisa ser criada sob o ponto de vista do turista europeu, e não do habitante local que realmente teve sua vida afetada (isso para quem sobreviveu). Não é que a tal família não tenha passado por maus bocados, mas nem se compara com os demais.

Enfim, superada essa preguiça inicial, fui ao filme. Confesso que achei a cena do tsunami, que acontece logo ao início do filme, impressionante. À partir daí passamos a acompanhar Maria, a mãe, juntamente com Lucas, seu filho mais velho, a procura do seu marido Henry e seus dois filhos mais novos, Simon e Thomas. Ao ficar submersa após a chegada da onda, seu corpo bateu contra muitos objetos e ela sofreu ferimentos graves. Naomi Watts recebeu uma indicação para o prêmio de Melhor Atriz no Oscar pelo papel, mas sinceramente não me pareceu tão bem assim. Tudo bem que as filmagens parecem ter sido fisicamente exaustivas, mas em termos emocionais tudo no filme (e não só ela) me parecem ao mesmo tempo rasos e artificiais.
O diretor, Juan Antonio Bayona, vindo do cena de terror, conseguiu usar as imagens de maneira eficiente para mostrar a dor de forma perturbadora. Mas, talvez pelo seu passado, não soube dosar o açúcar. O melodrama saiu de controle do meio para o fim, de forma que eu já estava impaciente e revirando os olhos. E ao final todos as minhas impressões preconceituosas se mostraram verdadeiras. Nada do sofrimento dos habitantes é mostrado. Só o que importa são os pobres turistas europeus.

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