Assistido em 24/11/2013
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Há três anos assistimos Kick-Ass e nos deparamos com a história de um super-herói por acaso e uma menina treinada desde muito pequena para aniquilar os bandidos. Pode não ter sido um grande filme, mas tinha um humor baseado nos absurdos de suas premissas, que funcionava caso nos abstraíssemos de questões maiores delineadas na trama. Três anos depois, Kick-Ass (Aaron Taylor-Johnson) está de volta, bem como a agora órfã Hit-Girl (Chloë Grace Moretz), mas nada mais funciona nessa sequência.
O problema começa com a idade dos personagens: Hit-Girl não é mais uma garotinha, o que faz que com todas as mortes que ela provoca não tenham mais o estranhamento do incomum: é apenas uma pessoa crescida, cônscia de suas ações, agindo com completa sociopatia. No primeiro filme tudo era abordado com humor negro; aqui o humor não funciona e o que vemos é uma violência bizarra e um desejo de fazer justiça com as próprias mãos, com a alegação de um sistema que não funciona. É difícil elaborar uma suspensão de descrença forte o suficiente parar tornar o banho de sangue e o discurso fascista aceitáveis. Os personagens combatem homofobia com mais homofobia e falam coisas racistas com a desculpa de que é apenas piada. A única forma que Mindy consegue se sentir especial é sendo a Hit-Girl, da forma como o pai a criou, plena em psicopatia. É fácil entender porque Jim Carrey não quis participar da divulgação do filme: é perceptível que o roteiro tinha intensões cômicas, mas que se perderam de tal forma que só o que se vê é uma apologia à solução fácil. Ao final da trama os próprios personagens falam repetidamente que aquilo não é brincadeira, é a vida real (embora todos os “vilões” sejam altamente estereotipados). A consciência deles em relação ao fato torna o vigilantismo ainda mais perturbador. Como um todo, pode-se dizer que trata-se de um filme lamentável.
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