Assistido em 28/03/2013
Eu queria ter gostado desse filme, mas talvez pelos motivos errados. Ao procurar a estatística de quantas diretoras trabalham atualmente em Hollywood, me deparo com o número de 5% do total de diretores de cinema. Bastante desapontador, não é? A Hora Mais Escura é dirigido por Kathryn Bigelow, uma das poucas diretoras atuais a ter filmes premiados, e seu anterior, Guerra ao Terror, me agradou bastante. Ainda temos de brinde uma protagonista feminina forte, Maya (Jessica Chastain). Infelizmente para eu gostar do filme, no final das contas, ele precisa me entregar algo que esse não me entregou.
Na história, logo após os ataques de 11 de setembro, Maya integra a equipe de investigação e busca a Osama Bin Laden. Esse trabalho passa a ser a vida dela, que parece não ter contatos fora do meio militar. A jornada culmina na sua descoberta do esconderijo de Bin Laden, e na operação militar que invadiu o local e matou-o. Em primeiro lugar percebe-se que a história teve que ser mudada com a descoberta real de Bin Laden. A parte inicial e final do filme parecem desconexas, tendo espíritos diferentes e não parecendo pertencer ao mesmo contexto. No começo temos as politicagens de bastidores e depois temos a ação de guerra. Quase toda essa ação se passa em cenas noturnas e é bastante desempolgante. Muito se falou também que o filme faria apologia à tortura. Não entendi dessa forma, pois logo de início o personagem mais adepto do “método” é mostrado como um pouco problemático, tendo, posteriormente, que ser afastado para função burocrática. Além disso, toda ela se mostra ineficiente e os torturados falam qualquer coisa para que ela pare. Os investigadores só conseguem realmente obter informações confiáveis quando cessam a tortura. Tentei analisar outros aspectos do filme, como figurino e fotografia, mas não consegui achar nada lá que prendesse minha atenção. Só há a revoltante propaganda deslavada, especialmente no ato final, em que Maya é retratada como a abnegada salvadora que consegue o Bin Laden, vingando uma década de buscas. Eu consigo gostar de filmes com os quais não concorde ideologicamente, mas no final das contas esse tem tantos problemas de ritmo, que não conseguiu nem prender minha atenção.