Esta crítica faz parte da cobertura da 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorre entre 17 e 30 de outubro na cidade.
Bernadette acha seu nome muito pomposo e por isso atende por “Benni”. Logo na primeira cena a vemos recoberta de hematomas em um exame médico. A garota, que costuma ter um comportamento agressivo, é um problema para os adultos ao seu redor: a mãe não a cria porque tem medo dela, já passou por um sem número de centros de acolhimento e lares coletivos e foi expulsa de tantas escolas que agora nenhuma quer aceitá-la. Ela grita, xinga, quebra coisas e bate em crianças em adultos. É quando o serviço social aciona Micha (Albrecht Schuch) como seu tutor, para acompanhá-la na escola.
System Crasher, vencedor do Prêmio Alfred Bauer no Festival de Berlim, retrata muito bem a questão do trauma infantil, marcado nas constância com que a menina, que já tem nove anos de idade, faz xixi na cama e na claustrofobia criada pelos efeitos de câmera quando alguém encosta em seu rosto, ativando um gatilho que a deixa fora de si. os motivos para seu comportamento são deixados subentendidos. Com enorme energia, a interpretação da pequena Helena Zengel, que encarna a protagonista, dá fôlego ao papel.
O incômodo causado pelas situações apresentadas é grande. Apesar das ações extremas da criança, fica claro que os adultos que são responsáveis por ela não sabem lidar com a situação, incorrendo em respostas estapafúrdias como trancá-la em armários ou amarrá-la em macas para dopá-la. Nos momentos de calmaria, Benni se mostra uma criança doce e afetuosa. Por isso é curioso que mesmo assim ela queria ser professora quando for adulta.
Com o avançar da história, os eventos se tornam repetitivos e cansativos, uma vez que as situações apresentadas não apresentam soluções simples e nada parece mudar em um longo ciclo de múltiplas violências de todos os lados. É interessante pensar sobre o título do filme, uma vez que não é que Benni quebre ou entre em choque com o sistema: é ele que não sabe lidar com uma criança como ela. Com roteiro e direção de Nora Fingscheidt, System Crasher é um filme vigoroso e caótico como sua protagonista.



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