
Esta crítica faz parte da cobertura da 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorre entre 17 e 30 de outubro na cidade.
Petúnia (Zorica Nusheva) mora com os pais, tem mais de 30 anos, um diploma universitário que nunca usou e está desempregada. Ela é o contra-exemplo daquilo que é considerado ideal, especialmente para os referidos pais, a quem é uma fonte de preocupação. Eles só desejam que tenha um emprego estável para ter acesso a seguridade social. Além disso está fora dos padrões estéticos exigidos pelo capitalismo quando se trata de mulheres: além de ter passado da idade considerada atraente (fato reiteradamente lembrado por sua mãe), ela é gorda e, portanto, duplamente marcada como um mulher não desejável. Petúnia é alguém que não se encaixa no nosso modelo econômico.
Quando sai de casa para uma entrevista de emprego, o potencial futuro patrão reitera todas essas características: afirma que ela aparenta ser mais velha do que é e por isso ele sequer conseguiria ter desejo sexual por ela. O valor da mulher está colocado no quão atrativa ela é considerada, em padrões excludentes. A inteligência ou a doçura de Petúnia não têm valor. Petúnia é visualmente contrastada tanto com os manequins que enchem o quarto de sua amiga, que lhe empresta um vestido para que use na entrevista, como naquele que carrega debaixo do braço após a mesma.
Mas é contrastado uma vez mais quando, no caminho da volta, se vê em meio a uma procissão religiosa repleta de corpos não só masculinos, mas semi-nus (em oposição ao seu longo vestido de gola fechada e casacão). Trata-se de uma tradição em que todo ano o padre joga uma cruz na água e o homem que recolhê-la ficará com ela (e a sorte dela proveniente) durante o ano seguinte. Petúnia, sem pensar, entrou na água e pegou a cruz, sem se atentar ao fato que tal ação não era permitida às mulheres.
À partir disso, a protagonista se vê reiteradamente violentada, seja pela polícia, pela igreja ou pelos membros da sociedade civil. As micro-agressões vêm do fato de que ela, sendo uma mulher comum, não excepcional, ousou quebrar as regras não escritas que privilegiam os homens. Uma jornalista cobrindo o caso é adicionada à trama para, de maneira expositiva, ressaltar a jornada dupla de trabalho a que as mulheres são submetidas, a remuneração menor do que de seus colegas de trabalho e outras situações aceitas dentro do lugar de normalidade.
Com direção de Teona Strugar Mitevska e roteiro da diretora em parceria com Elma Tataragic, o filme mostra as reações ao mero desafio dos privilégios masculinos, cujo domínio é validado pela tradição. Deus é Mulher e Seu Nome é Petúnia escancara, de forma simplista, mas sempre bem humorada, os pactos entre as diferentes instâncias de poder para reiteradamente excluir as mulheres socialmente.



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