Durante a temporada de premiações do cinema, o foco do público muitas vezes se desloca para o Oscar, o prêmio da indústria que mais chama atenção. Mas é interessante também acompanhar as premiações dos sindicatos, pois elas dizem muito sobre como os profissionais enxergam seu próprio trabalho. No dia 23 de fevereiro foi a vez do 18ª Costume Designers Guild Awards, prêmio do Sindicato dos Figurinistas dos Estados Unidos, premiar seus destaques no cinema, televisão e publicidade. Os votantes são os próprios figurinistas, bem como assistentes de figurino e ilustradores que sejam afiliados ao sindicato. Farei um breve comentário sobre
A Bruxa (The Witch: A New-England Folktale, 2015)
https://www.youtube.com/watch?v=PoMYYUHn46E A Bruxa é o primeiro longa escrito e dirigido por Robert Eggers. Antes desse filme, o cineasta havia trabalhado em curtas próprios e como diretor de arte, designer de produção e figurinista em outras obras. Essa experiência transparece no cuidado dado à construção de mundo em A Bruxa. Cenografia e figurino críveis nos transportam diretamente para o modo de viver dos colonos da Nova Inglaterra no começo do século XVII. De fato, realmente se trata de um conto popular, conforme o título original, pautado em crenças de então. Vendido como história de terror, o filme pode não satisfazer as expectativas de quem o
Mulheres-Ciborgue, ficção científica e alguns comentários
Esses dias eu estava lendo o Manifesto Ciborgue, que acho que deve ser o trabalho mais famoso da Donna Haraway, pesquisadora do campo de gênero que estuda ciência e tecnologia. Lançado originalmente em 1985, o manifesto trata sobre o que a autora chama de ciborguização do corpo, ou seja, a forma como através de ferramentas farmacológicas e mesmo prostéticas, como lentes ou órgãos artificiais, rompemos a barreira dos nossos corpos levando-os para além do limite da pele. Tudo isso muito antes da tecnologia presente em um smartphone, a prótese-mor do nosso cotidiano. Por fim, a autora analisa questões vinculadas à reprodução,
Filmes Assistidos em Fevereiro
Para o mês de fevereiro eu tinha planejado assistir alguns filmes da década de 1940, mas esqueci do Oscar, que acabou virando minha prioridade. Foquei em assistir os documentários e todos os filmes indicados em alguma categoria de atuação que ainda não tivesse assistido. A lista de todos os filmes indicados que assisti ordenados mais ou menos por ordem de preferência está aqui. Dei continuidade ao projeto de ver 52 filmes dirigidos por mulheres em 52 semanas. Na verdade agora estou três filmes à frente da meta. Making a Murderer é uma mini-série, mas como o Letterboxd também as inclui,
Bolão do Oscar 2016
Primeiro vou fazer uma propaganda: Fui convidada pelos lindos do podcast Sem Critérios para gravar um especial sobre os indicados ao Oscar desse ano. O podcast, comandado pela Amanda, pelo Matheus e pelo Bucco, tem a proposta bacana de falar sobre os 1001 filmes para ver e os 1001 discos para ouvir antes de morrer, sorteados de seus respectivos livros. O programa foi dividido em duas partes. A segunda é sobre as categorias principais e a primeira sobre as demais. Deixo o link abaixo: http://semcriterios.com/clqt-especial-bolao-oscar-2016/ Agora vem um convite: como ano passado, criei um bolão para o Oscar. Eu uso o site
Brooklyn (2015)
Brooklyn é uma fábula sobre migração e a busca por um lugar para si. Eilis (Saoirse Ronan) é uma jovem irlandesa de cidade pequena que, com a ajuda daqueles que a rodeiam, migra para os Estados Unidos na década de 1950 e se estabelece no Brooklyn. Padre Flood (Jim Broadbent) havia, com antecedência, conseguido uma vaga para que ela morasse na pensão da Sra. Keogh (Julie Walters) e um emprego em uma loja, sob o olhar vigilante e cuidadoso da Srta. Fortini (Jessica Parré). O filme é dirigido por John Crowley e conta com roteiro de Nick Hornby, adaptado do romance de Colm
Paris is Burning (1990)
Paris is Burning é o perfeito retrato de uma cultura em um local e época específicos. O documentário de 1990, dirigido por Jennie Livingston, foi filmado entre 1985 e 1989 nos bailes queer do Harlem, em Nova York. Seus protagonistas são os participantes deles, majoritariamente compostos por homens gays e mulheres trans, negros e latinos. O filme possibilita a reflexão sobre as exclusões sistêmicas de cunho étnico-racial e de classe a que seus personagens são submetidos. Sonhando com riqueza, aceitação e uma vida melhor, eles competem em desfiles de drag em categorias como “empresário”, “estudante universitário”, “magnata do campo”, entre outras, mostrando que se