Assistido em 24/03/2003
Havia muita expectativa ao assistir esse filme, sempre citado entre os melhores filmes de gângster, logo atrás de outros clássicos como O Poderoso Chefão e Os Bons Companheiros. Aí eu assisti o original, de 1932, e achei simplesmente uma obra de arte. Como o de 1983 é geralmente lembrado como uma das poucas refilmagens melhor que o original, criei uma certa expectativa. E, talvez por isso, me decepcionei.
Dirigido por Brian de Palma, com roteiro de Oliver Stone, Temos aqui novamente a ascensão de Tony, um rapaz ambicioso, a chefe do crime. Dessa vez Tony é cubano, de sobrenome Montana. O filme poderia ser acusado de ser propaganda contra a migração cubana, já que os migrantes são retratados como bandidos em potencial, dispostos a qualquer coisa para prosperar nos Estados Unidos. Mas eu não o encarei de tal forma, até porque o anterior faz o mesmo com ítalos-americanos e até exibe um letreiro no começo avisando que o filme é baseado em fatos reais e é um retrato do que acontecia no país na época. O Tony desse filme se apresenta desde o começo com menos ingenuidade, sendo menos caipira e mais arrogante. É bem mais difícil simpatizar com ele. O romance com a namorada do chefe também se apresenta como uma questão de dominação, de marcação de território, como se ela fosse o prêmio final, não um interesse genuíno. Tanto que ele não possui um desfecho feliz. Confesso que achei as sequências iniciais excessivamente violentas para o meu estômago, mas sei que essa é a intenção.
O filme tem uma hora a mais que antigo, mas isso, apesar de ampliar a narrativa de enriquecimento e ascensão, não garante mais profundidade aos personagens. Alguns momentos são muito bons, como a sequência que mostra a expansão dos negócios de Tony e ao final, uma cena com um zoom se afastando de Tony sozinho em uma banheira enorme, em um banheiro maior ainda. A trilha sonora é um pouco incômoda em certos momentos e penso que ficou datada. Além disso, a maneira como a clássica cena do letreiro em neon com os dizeres “O Mundo é Seu” é transposta para essa realidade, empobreceu e tirou a força dessa mensagem. No final das contas não é que seja um filme ruim, mas a comparação o prejudica. E em termos estéticos, no geral, é um filme bem menos elegante.